segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Discípulos dos ventos....



“Viento, viento,tráeme aguacero.Viento, viento,tráeme canción.Triste está la tierra,que cultivo yo.
¡ Cómo quema el fuego,de mi corazón ¡”Don Ata.....

A poesia mestra que nos foi ofertada pelo índio caminante Don Ata,
nos traz por muitas vezes o manifesto dos ares.Ha um prelúdio de canto em cada vento soprado,que nos traz aromas e outros cantares que nos darão dimensão do que de fato significa CANTAR...
É mais que um manifesto pois é como o vento um fenômeno natural que ocorre por necessidade.O canto que pertence a tantos mas que de fato vem de poucos.Muitos outros mestres da verdade ancestral assinalaram em suas obras a pureza e sabedoria dos ventos e foram estes que abriram as picadas para que outros as mantenham “sem mato nem ervas daninhas trazidas de fora” abertas em comunhão de igualdade.
Sentir e entender este fenômeno natural é para poucos,mesmo estando a disposição de todos.Mas basta um olhar mais puro,ouvir o silencio,compreender o que estes ventos tem a nos dizer sobre a vida e sobre o meio em que vivemos.

Por isso suplico aos tantos que se auto denominam cantores que escutem este canto,o primeiro a se levantar da terra,escutem outros mestre que partilham de sua convivência – Sábias,Cardeais,Tajãs,Barreiros cantores de verdade e alcunha natural....

O escuro da vaidade que teima em florescer em corações vazios os priva do sentimento puro e da verdadeira grandeza que falsos cantores nunca vão conquistar nunca hão de perpetuar seu canto na memória dos ventos.

Sejam senhores cantores discípulos dos ventos,aprendizes do cantar natural do fenômeno que enche nossos pulmões de ar e vida e nós devolvemos como gratidão em forma de canto....


“Eu já vi muitos cantores
Com fama bem construída
E que uma vez adquirida
Não puderam sustentar:
Como se antes de largar
Já cansassem da partida”
trecho traduzido de Martin Fierro(José Hernandes)


Pedro Almeida agosto de 2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Biografia(Aureliano de Figueiredo Pinto)


AURELIANO DE FIGUEIREDO PINTO



Aureliano de Figueiredo Pinto é, indiscutivelmente, um dos maiores poetas nativista de nossa terra, de todos os tempos.
Com seu vigoroso regionalismo, o nosso idioma, longe de empobrecer-se, adquiriu novas e cintilantes riquezas.
Seus poemas, nascidos das vivências campeiras, com invernos, tropeadas, rondas, noites longas, chimarrão, e outros temas rudes e belos. São sempre, impregnados de comovente humanismo e iluminados pelo sol de sua fulgurante cultura.
A divulgação de seus versos magistrais é, pois, exigência imperiosa de todos os que cultuam as letras pampeanas e que amam nossa Querência.
Nada, nos seus versos, do apenas fácil e pitoresco que caracteriza uma boa parte de poesia gauchesca. A poesia de Aureliano Figueiredo Pinto, profundamente ligada a terra, tem uma extraordinária densidade humana, assumindo sua temática, em muitos passos, o sentido de um canto geral que transcende o mero regionalismo.
Poucos livros refletem com mais autenticidade o homem e a paisagem do Rio Grande do que estes "Romances de Estância e Querência".
Aureliano de Figueiredo Pinto nasceu em 1º de agosto de 1898, na fazenda São Domingos, município de Tupanciretã, filho de Domingos José Pinto e de Marfisa Figueiredo Pinto. Exerceu o ofício de médico, mas por essência foi poeta e escritor.
O processo de alfabetização inicia-se em 1904 quando recebeu aulas de sua mãe. Quatro anos depois no colégio Santa Maria em Santa Maria , seguiu seus estudos, de onde enviou a sua mãe seus primeiros poemas.
Aureliano inicia ali seu martírio, sua ressurreição e sua glória: escrever.
Aos 17 anos, nasceu uma grande amizade com Antero Marques. Antero seria, pela vida afora companheiro, crítico e confidente a dividir aulas, pensões, ruas, e uma infinidade de cartas. Iniciam as discussões políticas, literárias e filosóficas, que os levariam a participar da Revolução de 30. Passou a residir em Porto Alegre 3 anos mais tarde, onde prepara o vestibular para Direito, que trocaria mais tarde pela Medicina. Os poemas escritos em meio às anotações escolares antecediam sua estréia com poemas publicados no jornal Correio do Povo, com pseudônimo e nome próprio e nas revistas Kodak e A Máscara, um ano mais tarde.
Amigos passam a classificar seus poemas entre as correntes simbolista e parnasiana. Entre as anotações de aula, Aureliano escreve o poema Gaudério, que marcaria sua vinculação com o nativismo. Anos depois, Gaudério e Toada de Ronda seriam musicados por João Fischer. Segundo testemunhas de Antero Marques, Raul Bopp, entusiasmado com a produção do poeta diria que "Bilac assinaria estes versos" O poema Toada de Ronda é considerado o marco inicial da poesia nativista no Rio Grande do Sul.
Em 1924, parte para o Rio de Janeiro estudar Medicina. Lá, cursa o primeiro e o segundo ano e retorna a Porto Alegre. Lê Paja Brava , do Viejo Pancho, que marcará sua produção artística, e também livros de poetas regionalistas uruguaios e argentinos, que o influencia a escrever poemas em espanhol. Em 1926, volta aos estudos de Medicina no Rio de Janeiro, mas no mesmo ano retorna a Porto Alegre. Somente em 1931, conclui o curso de Medicina, e logo abre seu consultório em Santiago. Abre o coração aos campos e aos tipos humanos que o povoam.
A partir dali o trabalho de médico rouba-lhe o tempo de leitura e criação. Passa a fazer viagens ao interior do município, atendendo a chamados médicos e fica com os peões tomando mate e ouvindo causos.
Três anos mais tarde por falta de dinheiro dos clientes para compra de remédio, suas práticas médicas são interrompidas. Aureliano cria um código que é colocado nas receitas, para que fossem debitadas para alguns de seus amigos. Nessa época, seus poemas são datilografados por Túlio Piva, para quem produz textos para serem lidos na rádio local.
Em 1937, já com quase 40 anos, passa a dirigir o Posto de Higiene de Santiago. Anos mais tarde, seria o fundador do Hospital de Caridade.
Casa com Zilah Lopes, em 29 de dezembro de 1938 com que tem 3 filhos.
Em 1941, troca Santiago por Porto Alegre, assume a subchefia da Casa Civil do interventor Cordeiro de Farias. Fica poucos meses no cargo e retorna a Santiago.
Em 1956 inicia a reunir e selecionar seus poemas, espalhados entre amigos, para publicá-los em livros. Seu filho José Antônio vai à Editora Globo e ali espera até ter em mãos dez volumes de Romances de Estância e Querência – Marcas do Tempo o primeiro livro publicado de Aureliano de Figueiredo Pinto.
Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.
Em 1963, é publicado "Ad Sodalibus" pela Livraria Sulina, seu segundo livro de poesias Romances de Estância e Querência – Armorial de Estância e Outros Poemas. Em 1974, é publicada pela Editora Movimento, a novela Memórias do Coronel Falcão. Em 1975, Noel Guarany recebe autorização dos familiares do poeta para musicar Bisneto de Farroupilha e Canto do Guri Campeiro.
Pesquisa realizada por Hilton Luiz Araldi



Fonte: Hilton Luiz Araldi
(54) 30456411

Extraído do site http//www.chasquepampeano.com.br

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Osiris Rodriguez Castillos(Matungo)


MATUNGO


Pobre matungo maceta
que estás muriendo en el llano
donde tan sólo el silencio
suele arrimarse pastando...
Pálida nube destiñe
torvas sombras de caranchos,
y suspiras un relincho
como si fuera un llamado
pero es patrón Don Olvido
y tiene muchos caballos.


Viejos octubres te vieron
piafar de pronto orejeando
cuando un fugar de potrancas
quemó tu hijar encelado,
eran entonces tus crines
fieras banderas flameando:
sólo el trueno era más trueno,
sólo el rayo era más rayo
y erguida luz resbalaba
por el temblor de tus flancos.


Ai quedará tu osamenta
con las costillas blanqueando...
será tambor de aguaceros
tu viejo cuero tubiano...
Asomarán por tus cuencas
dos flores nuevas del campo
a curiosiar una historia
de huesos desparramados
que ni verán los potrillos
cuando pasen retozando.


Nadie pondera tu pelo
pero vos fuiste caballo
de manear con el pañuelo
de enlazar y fiarte el lazo;
comedido en los apartes,
pechador de toros bravos,
velay tu aliento, tu rienda,
tu lindo galope largo...
Velay, qué sino parejo
tienen matungo y cristiano!