segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Culatreiro -Adriano Silva Alves
Hoje não quis ser ponteiro,
Hoje não quis ser ponteiro...
Preferi vir na culatra,
Pra ver a estrada depois.
Alma judiada, corpo cansado,
Um resto de fumo,
Compondo um palheiro;
A tropa delgada, sentida do frio,
Pelo grosso, segue a marcha;
E eu que quis vir na culatra
E eu que quis vir na culatra...
Pra ver a estrada depois.
Quero falar do tropeiro,
Das geadas, luas, pampeiro;
Não quero lembrar dos bois.
Ontem na última ronda
Depois do mate, o assado,
Bebi da noite outro trago
De nostalgia e silêncio.
Nem mesmo a seda do lenço
Pode defender o fio
Da lágrima que cortava,
Quando o vento bordoneava
Outra triste melodia
Que copiei, pra neste dia,
Me acompanhar no assobio.
Mudei semblante e cavalo
Hoje no “baio encerado”,
Ontem, o moro prateado.
Deixou meus passos na estrada.
Mas hoje...
Hoje é o fim da jornada
E eu que quis vir na culatra;
E eu que quis vir na culatra
Pra ver a estrada depois...
Deixo pra traz mais que o trote,
E empurro a diante minha sorte
Junto ao destino dos bois.
Chego na frente da estância
Já quase no fim da tarde,
E um resto de sol invade
A nuvem clara de poeira.
Não vi abrir a porteira
Hoje me “toca” fechar,
Mas faço a tropa cruzar
Pelo grosso, mais delgada;
Inteira a conta na talha
Pouca ‘plata’ pra contar.
E a noite vem debruçar
Sobre o segredo do dia,
A mesma triste melodia
Que copiei pra o assobio.
Outro pouso, mesmo fio,
Da lágrima, cortando o lenço;
Solto o baio e então repenso
Talvez a própria existência;
Eu que quis vir na culatra
Eu que quis vir na culatra;
Pra ver a estrada depois...
Sem ter a própria querência!
Sem ter a própria querência...
Achei querência pra os bois.
Depois do mate, do assado.
Não quis beber mais um trago
Da minha própria nostalgia;
Adormeci...
E a melodia do vento
Me fez esquecer o tempo;
Pra esperar a manhã.
Fechar de novo a porteira
De tiro o baio encerado
Ao tranco, o moro prateado,
Deixando os passos na estrada.
O mesmo corpo cansado,
A mesma alma judiada...
O mesmo resto de fumo
Compondo um novo palheiro.
Eu que não quis ser ponteiro...
Eu que quis vir na culatra!
Eu que quis vir na culatra,
Pra ver a estrada depois...
Ontem fui homem, tropeiro!
Ontem fui homem, tropeiro.
Amanhã...
Amanhã, também serei boi.
Lua Cheia, julho 2011.
Adriano Silva Alves.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Minha Primavera
Cada espanto alardiado pelos quero-queros,
Cada aroma primaveral que invade o olfato
E nos conta da jornada percorrida nos ares....
O penetrar de um canto meio a tantos
É indiscutivelmente uma manifestação única
Do renascimento...
Coxilhas que banhadas de vida
Acumulam crescentes de berros
Que ressoam longe nas planuras...
O atestado escrito pelo tempo e assinado,
Pelo sol com o permiso da lua....
Gestando a sombra,
Que os umbus já pariram
Tantos motivos...tantos olhares
Partejando, igual se encontra
A minha voz – potro novo-
Por ser de mesma linhagem...
A tuna criada meio as pedras,
Ao campo sujo das chircas,
Das macegas em flor...
Ao sangue de boi que ronda
Como pedindo atenção
E cruza mais longe do chão
Um tajã monge cantor...
Onde meus olhos sangram.
Onde as sangas choram,
A existência das magoas,
E das partidas...
Encontro o meu eu,
Em tantas vidas
Que já não sei quem eu sou
Nos corredores,
Nas horas,nas nuvens...
- lá fora-
No escuro,no rio,na potrada,
Nos sois...
- mas não sorriu-
Nas luas,nas mortes,
Quem nunca se viu no seu ontem,
Na primavera das flores?...
E se os sois e luas
Teimam em me iluminar
Me encontro nas sombras do ontem
Olhando pra traz -eu venho-....
Pedro Almeida setembro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
DÉCIMAS DE JACINTO LUNA (Osiris Rodriguez Castillo )
No pregunten de'onde soy,
vengo del tiempo aparcero,
y ni los mismos senderos
Comprenden pa’ donde voy;
voy tiempo arriba y estoy
resignado a mi destino,
de andar siempre peregrino,
durmiendo sobre mis garras,
y despertando guitarras
a la orilla del camino.
Sin fajón en la carona
ni lazo atado a los tientos,
traigo un temblor que los vientos
dejaron en mis bordonas,
y una pena en las lloronas
que no quieren alzar vuelo,
porque el rigor del pihuelo
la lleva atada a mi huella,
pa' que no se hagan estrellas
alumbrando desde el cielo.
Ni me espera una querencia
ni los caminos me espantan
porque no hay pa’ los que cantan
más pago que el de la ausencia;
nada me ata a la existencia,
voy muriendo al tranco lerdo
cada atardecer me pierdo
tras los horizontes rojos,
con un niebla en los ojos
y acosa’o por los recuerdos.
Me han echa’o en el fogón
ramitas de mataojo,
espinas en el rastrojo,
un dolor en el corazón;
y voy con esta canción
en los labios de una herida,
pa’ que al final de mi vida
quede mi canto despierto,
pues todo cocuyo muerto
deja una luz encendida.
vengo del tiempo aparcero,
y ni los mismos senderos
Comprenden pa’ donde voy;
voy tiempo arriba y estoy
resignado a mi destino,
de andar siempre peregrino,
durmiendo sobre mis garras,
y despertando guitarras
a la orilla del camino.
Sin fajón en la carona
ni lazo atado a los tientos,
traigo un temblor que los vientos
dejaron en mis bordonas,
y una pena en las lloronas
que no quieren alzar vuelo,
porque el rigor del pihuelo
la lleva atada a mi huella,
pa' que no se hagan estrellas
alumbrando desde el cielo.
Ni me espera una querencia
ni los caminos me espantan
porque no hay pa’ los que cantan
más pago que el de la ausencia;
nada me ata a la existencia,
voy muriendo al tranco lerdo
cada atardecer me pierdo
tras los horizontes rojos,
con un niebla en los ojos
y acosa’o por los recuerdos.
Me han echa’o en el fogón
ramitas de mataojo,
espinas en el rastrojo,
un dolor en el corazón;
y voy con esta canción
en los labios de una herida,
pa’ que al final de mi vida
quede mi canto despierto,
pues todo cocuyo muerto
deja una luz encendida.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Discípulos dos ventos....
“Viento, viento,tráeme aguacero.Viento, viento,tráeme canción.Triste está la tierra,que cultivo yo.
¡ Cómo quema el fuego,de mi corazón ¡”Don Ata.....
A poesia mestra que nos foi ofertada pelo índio caminante Don Ata,
nos traz por muitas vezes o manifesto dos ares.Ha um prelúdio de canto em cada vento soprado,que nos traz aromas e outros cantares que nos darão dimensão do que de fato significa CANTAR...
É mais que um manifesto pois é como o vento um fenômeno natural que ocorre por necessidade.O canto que pertence a tantos mas que de fato vem de poucos.Muitos outros mestres da verdade ancestral assinalaram em suas obras a pureza e sabedoria dos ventos e foram estes que abriram as picadas para que outros as mantenham “sem mato nem ervas daninhas trazidas de fora” abertas em comunhão de igualdade.
Sentir e entender este fenômeno natural é para poucos,mesmo estando a disposição de todos.Mas basta um olhar mais puro,ouvir o silencio,compreender o que estes ventos tem a nos dizer sobre a vida e sobre o meio em que vivemos.
Por isso suplico aos tantos que se auto denominam cantores que escutem este canto,o primeiro a se levantar da terra,escutem outros mestre que partilham de sua convivência – Sábias,Cardeais,Tajãs,Barreiros cantores de verdade e alcunha natural....
O escuro da vaidade que teima em florescer em corações vazios os priva do sentimento puro e da verdadeira grandeza que falsos cantores nunca vão conquistar nunca hão de perpetuar seu canto na memória dos ventos.
Sejam senhores cantores discípulos dos ventos,aprendizes do cantar natural do fenômeno que enche nossos pulmões de ar e vida e nós devolvemos como gratidão em forma de canto....
“Eu já vi muitos cantores
Com fama bem construída
E que uma vez adquirida
Não puderam sustentar:
Como se antes de largar
Já cansassem da partida”
trecho traduzido de Martin Fierro(José Hernandes)
Pedro Almeida agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Biografia(Aureliano de Figueiredo Pinto)
AURELIANO DE FIGUEIREDO PINTO
Aureliano de Figueiredo Pinto é, indiscutivelmente, um dos maiores poetas nativista de nossa terra, de todos os tempos.
Com seu vigoroso regionalismo, o nosso idioma, longe de empobrecer-se, adquiriu novas e cintilantes riquezas.
Seus poemas, nascidos das vivências campeiras, com invernos, tropeadas, rondas, noites longas, chimarrão, e outros temas rudes e belos. São sempre, impregnados de comovente humanismo e iluminados pelo sol de sua fulgurante cultura.
A divulgação de seus versos magistrais é, pois, exigência imperiosa de todos os que cultuam as letras pampeanas e que amam nossa Querência.
Nada, nos seus versos, do apenas fácil e pitoresco que caracteriza uma boa parte de poesia gauchesca. A poesia de Aureliano Figueiredo Pinto, profundamente ligada a terra, tem uma extraordinária densidade humana, assumindo sua temática, em muitos passos, o sentido de um canto geral que transcende o mero regionalismo.
Poucos livros refletem com mais autenticidade o homem e a paisagem do Rio Grande do que estes "Romances de Estância e Querência".
Aureliano de Figueiredo Pinto nasceu em 1º de agosto de 1898, na fazenda São Domingos, município de Tupanciretã, filho de Domingos José Pinto e de Marfisa Figueiredo Pinto. Exerceu o ofício de médico, mas por essência foi poeta e escritor.
O processo de alfabetização inicia-se em 1904 quando recebeu aulas de sua mãe. Quatro anos depois no colégio Santa Maria em Santa Maria , seguiu seus estudos, de onde enviou a sua mãe seus primeiros poemas.
Aureliano inicia ali seu martírio, sua ressurreição e sua glória: escrever.
Aos 17 anos, nasceu uma grande amizade com Antero Marques. Antero seria, pela vida afora companheiro, crítico e confidente a dividir aulas, pensões, ruas, e uma infinidade de cartas. Iniciam as discussões políticas, literárias e filosóficas, que os levariam a participar da Revolução de 30. Passou a residir em Porto Alegre 3 anos mais tarde, onde prepara o vestibular para Direito, que trocaria mais tarde pela Medicina. Os poemas escritos em meio às anotações escolares antecediam sua estréia com poemas publicados no jornal Correio do Povo, com pseudônimo e nome próprio e nas revistas Kodak e A Máscara, um ano mais tarde.
Amigos passam a classificar seus poemas entre as correntes simbolista e parnasiana. Entre as anotações de aula, Aureliano escreve o poema Gaudério, que marcaria sua vinculação com o nativismo. Anos depois, Gaudério e Toada de Ronda seriam musicados por João Fischer. Segundo testemunhas de Antero Marques, Raul Bopp, entusiasmado com a produção do poeta diria que "Bilac assinaria estes versos" O poema Toada de Ronda é considerado o marco inicial da poesia nativista no Rio Grande do Sul.
Em 1924, parte para o Rio de Janeiro estudar Medicina. Lá, cursa o primeiro e o segundo ano e retorna a Porto Alegre. Lê Paja Brava , do Viejo Pancho, que marcará sua produção artística, e também livros de poetas regionalistas uruguaios e argentinos, que o influencia a escrever poemas em espanhol. Em 1926, volta aos estudos de Medicina no Rio de Janeiro, mas no mesmo ano retorna a Porto Alegre. Somente em 1931, conclui o curso de Medicina, e logo abre seu consultório em Santiago. Abre o coração aos campos e aos tipos humanos que o povoam.
A partir dali o trabalho de médico rouba-lhe o tempo de leitura e criação. Passa a fazer viagens ao interior do município, atendendo a chamados médicos e fica com os peões tomando mate e ouvindo causos.
Três anos mais tarde por falta de dinheiro dos clientes para compra de remédio, suas práticas médicas são interrompidas. Aureliano cria um código que é colocado nas receitas, para que fossem debitadas para alguns de seus amigos. Nessa época, seus poemas são datilografados por Túlio Piva, para quem produz textos para serem lidos na rádio local.
Em 1937, já com quase 40 anos, passa a dirigir o Posto de Higiene de Santiago. Anos mais tarde, seria o fundador do Hospital de Caridade.
Casa com Zilah Lopes, em 29 de dezembro de 1938 com que tem 3 filhos.
Em 1941, troca Santiago por Porto Alegre, assume a subchefia da Casa Civil do interventor Cordeiro de Farias. Fica poucos meses no cargo e retorna a Santiago.
Em 1956 inicia a reunir e selecionar seus poemas, espalhados entre amigos, para publicá-los em livros. Seu filho José Antônio vai à Editora Globo e ali espera até ter em mãos dez volumes de Romances de Estância e Querência – Marcas do Tempo o primeiro livro publicado de Aureliano de Figueiredo Pinto.
Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.
Em 1963, é publicado "Ad Sodalibus" pela Livraria Sulina, seu segundo livro de poesias Romances de Estância e Querência – Armorial de Estância e Outros Poemas. Em 1974, é publicada pela Editora Movimento, a novela Memórias do Coronel Falcão. Em 1975, Noel Guarany recebe autorização dos familiares do poeta para musicar Bisneto de Farroupilha e Canto do Guri Campeiro.
Pesquisa realizada por Hilton Luiz Araldi
Fonte: Hilton Luiz Araldi
(54) 30456411
Extraído do site http//www.chasquepampeano.com.br
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Osiris Rodriguez Castillos(Matungo)
MATUNGO
Pobre matungo maceta
que estás muriendo en el llano
donde tan sólo el silencio
suele arrimarse pastando...
Pálida nube destiñe
torvas sombras de caranchos,
y suspiras un relincho
como si fuera un llamado
pero es patrón Don Olvido
y tiene muchos caballos.
Viejos octubres te vieron
piafar de pronto orejeando
cuando un fugar de potrancas
quemó tu hijar encelado,
eran entonces tus crines
fieras banderas flameando:
sólo el trueno era más trueno,
sólo el rayo era más rayo
y erguida luz resbalaba
por el temblor de tus flancos.
Ai quedará tu osamenta
con las costillas blanqueando...
será tambor de aguaceros
tu viejo cuero tubiano...
Asomarán por tus cuencas
dos flores nuevas del campo
a curiosiar una historia
de huesos desparramados
que ni verán los potrillos
cuando pasen retozando.
Nadie pondera tu pelo
pero vos fuiste caballo
de manear con el pañuelo
de enlazar y fiarte el lazo;
comedido en los apartes,
pechador de toros bravos,
velay tu aliento, tu rienda,
tu lindo galope largo...
Velay, qué sino parejo
tienen matungo y cristiano!
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Respostas
Estive esta semana repensando meus rumos,refazendo os planos...Pensando me encontrei, e mais uma vez como de costume,procurando respostas,e na medida do possível as encontrando:
O sentido verdadeiro desta caminhada,destes planos,destes testes de que por muitas vezes provamos do amargor do arrependimento e por outras da doçura da virtuosa coragem e simplicidade.Temos de olhar muitas vezes para traz e entender o porque de certas coisas,de certas passagens - que acredito sempre são lições de aprendizado e vivencia.
A construção do nosso "eu" é a concepção de muitos aspectos transitórios de convivências,influencias e gosto pessoal pelo que nos foi ensinando,geralmente com mãos de paciência por nossos pais...Quando falo em gosto pessoal pelo que nos foi ensinado,me refiro ao tema de minha interpretação,de que muitas lições são dadas e o que geralmente fica é o que se ensina e se cumpre como exemplo nos seus atos e modos de vida.
Dou graças ao bom Deus que hoje tenho a clareza de sua existência e me compreendo como um futuro grande contribuinte de nossa cultura,grande no sentido do seguro esforço que tenho a certeza que continuarei fazendo para manter a identidade pela qual me reconheço como gaúcho pelo duro!!!
Já me topei com pessoas incertas de sua identidade moral e cultural que me perguntavam e seguem me indagando o fato de eu estar apenas cumprindo o que me foi ensinado por meus pais e por algo maior que qualquer movimento ou manifestação humana.Minha história assinalada pela Terra!meu rumo de obrigação com o cumprimento dos valores herdados,meu sentido,minha razão de vida quer que eu seja um representante de meu mundo!de minha querência... e tenham a certeza que continuarei peleando pela identidade que insistem em sacrificar em cada pensar pequeno de um alguém,que me desculpem,se encontra ignorante ao meu dialeto de existência...
"me encontro indagando a min, mesmo, e geralmente encontro respostas"...
Pedro Almeida julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
“Não Deixe Morrer a Vigília” Amigos: esta é uma luta pela cultura popular, pela identidade cultural gaúcha, pela honra daqueles - artistas ou público - que fazem e são os festivais de música, poesia e canto do Rio Grande do Sul. Pela honra da cultura gaúcha e em apoio aos nossos irmãos e amigos do Núcleo Cachoeirense de Compositores Nativistas e de todo o ambiente festivaleiro gaúcho estamos lançando a Campanha “Não Deixe Morrer a Vigília”.
Embora simbólica, essa manifestação reage ao anúncio, pelo prefeito de Cachoeira do Sul – até o ano que vem -, de que não realizará o evento mais uma vez porque “decidiu priorizar atividades que envolvam competidores só de Cachoeira, o que faz com que o dinheiro das premiações fique na cidade”. O prefeito também afirmou que: “os 'tradicionalistas' não têm do que reclamar, pois está apoiando financeiramente a cavalgada da integração”.
Vale lembrar que JAMAIS os compositores, músicos, intérpretes, letristas, poetas, declamadores de Cachoeira do Sul ou participantes do festival, foram convidados para uma reunião com o prefeito ou seu “participativo” departamento de eventos, para debater o assunto ou tratar de qualquer tema.
Segundo se soube, apenas houve, em 2010, um contato com patrões de CTGs perguntando se os mesmos queriam “assumir a Vigília”. É preciso dizer que na Administração em que o atual prefeito Sérgio Ghignatti, foi vice-prefeito, na década de 90, o Município também cancelou o festival, quase determinando a morte da Vigília do Canto Gaúcho. Será algo pessoal?
Hoje, um dos maiores e mais tradicionais festivais nativistas do Rio Grande do Sul sofreu mais um severo golpe. Mais um festival agoniza no Rio Grande. E não podemos aceitar calados o descomprometimento - com a identidade cultural gaúcha - destes políticos que se elegem “declamando” Jaime Caetano Braun na TV, mas depois viram as costas à produção cultural regional.
A Vigília não morrerá, pois os mandatos eleitorais terminarão e a cultura seguirá!!!
Por isso, pedimos o apoio dos nativistas do Rio Grande e do Brasil no sentido de manifestarem o seu protesto, desacordo ou indignação com a decisão unilateral da Prefeitura (que sequer elaborou um projeto pra LIC ou esboçou qualquer interesse de promover o festival), replicando esta mensagem para seus contatos e pelas redes sociais, ou escrevendo diretamente para o prefeito, os vereadores de Cachoeira do Sul e o Jornal do Povo, principal órgão de imprensa daquela cidade.
Chega de “mercadores” e políticos que não promovem a cultura determinarem a extinção de nossos festivais, de calarem a nossa voz, atentarem contra nossa memória histórica, apagarem os nossos versos, renegarem nossas orígens e negarem nossa identidade cultural!!!
Não deixaremos que morra a Vigília!!!
Chega de atentarem contra os festivais do Rio Grande!!!!
Chega de atentarem contra o nativismo!!!!
Por favor, repasse esta mensagem à sua rede de contatos, poste nas redes sociais, vamos gritar bem alto pelos nossos valores culturais!
Mande teu email de apoio com o título: “Não Deixe Morrer a Vigília” para cpd@cachoeiradosul.rs.gov.br ,smic.cachoeiradosul@gmail.com , acscachoeira@gmail.com,
Para o jornal.
jp@jornaldopovo.com.br
Para os vereadores de Cachoeira do Sul:
clebercardoso@camaracachoeira.rs.gov.br ; vasconcelos@camaracachoeira.rs.gov.br ;julinhodomercado@camaracachoeira.rs.gov.br ; vereadorbala@terra.com.br ;lucianofigueiro@camaracachoeira.rs.gov.br ; marcelodanoemia@camaracachoeira.rs.gov.br,mariana@camaracachoeira.rs.gov.br ; oscarsartorio@camaracachoeira.rs.gov.br ;jarrao@camaracachoeira.rs.gov.br; valdocir@camaracachoeira.rs.gov.br .
e também deixe post no facebook e twitter do Jornal do Povo e na comunidade do Orkut do JP.
“Não Deixe Morrer a Vigília” é uma iniciativa do cachoeirenses comprometidos com a cultura gaúcha e tem o apoio da:
www.radioterragaucha.com.br .
É autorizada a inserção dos endereços de blogs, microblogs, sites e similares que apoiam esta iniciativa.
Mil gracias!......Por Matias Moura
Capão
Capão
Beirada,capão de mato,
Onde os campeiros se resguardam
Dos mormaços de janeiro.
Beirada,capão de mato
Onde deixei meus silêncios
Ouvirem o cantar do barreiro.
Beirada,capão de mato,
Onde o ar é fresco
E o cheiro é extrato
Beirada,alma e recanto
Onde deixei meus relatos
Em calmos acordes de campo
Beirada,capão e mato
Que se fazem parador
Pro andante do tempo
Beirada,capão de mato
Que miro cismado
Querendo copiar-te o jeito...
Beirada,capão de tempo
Cavalo e campeiro
Sombreando o passado.
Capão de tempo a lo largo
Ramada dos ventos
Apeiando um canto raro...
Mato,beirada e capão
Começo e fim
-beira da vida a cavalo...
Capão de mato é o que restou pra mim ...
Pedro Almeida outono de 2009
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Na irmandade das sombras...
Irmão esta solito agora...
De vagarzito chega tua hora
Para plantar-te em campo santo...
Que florido se molda em espera e pranto..
Seguindo a sina de morada eterna
Te devolvendo pra terra,
pela comunhão dos planos...
Há!-pingo- tu que em meus dias respingo
No rasto de um toro osco...
Sabes das sangas o gosto,
E de meus “secretos” domingos...
De meus incertos caminhos que por vezes
Deixei ao teu destino pela rédea da confiança
certa de teu faro de Bueno amigo....
... Quem mais poderia me legar
A hombridade de irmão quando prossigo
No dialeto de então,certo do nada ,
tendo por compreensiva a tua mirada
com olhos de compaixão...
Alma pampera com rincões de adentro
Que compila a serenata dos tempos
e a soberania dos sangues ancestrais.
Perduras gerações glorificadas na memória
Que assinala com claves de aurora
o renascimento dos imortais....
O campo tua semente de vida...
O vento tua alma santa.
Meu complemento de existência,
Junto de ti meu inteiro.
Bronzeamos no mesmo janeiro,
Invernamos no mesmo fogão...
E o que há de ficar meu irmão,
Pra quem renasceu pelo meio?
Verei o meu pingo num altar de morte?...
Serei mais forte que o caminho vil?
Changueio o resto que o nada oferece
E faço a prece pelo rogar pagão...
Quem sabe nas santas paragens,
enxergue a imagem ,
De meu pingo me olhando...
Plantado em forma, tronqueira,enraizada na morte,
largo do tempo cruzando.
Quem sabe seja meu pingo,face de umbu florescente...
-que ficou pra parador,face raiz eminente,
sombreando a saudade jazida donde repouso silente....
Pedro Almeida
Outono de 2011
quarta-feira, 8 de junho de 2011
terça-feira, 31 de maio de 2011
Cruz Ancestral-Pedro Almeida.
Cruz Ancestral
Aos pés da cruz-sombra e prece-
Divina benção à luz da vida ,
no olhar do sol.
Sei da minha alma - do que carece-
e tenho a cura pelas mãos do ancestral...
Nas minhas veias a história entranhada
Pois a terra assinala o gên na vida
E guarda,no seu eu, uma verdade
De ser saudade aquerênciada noutra vida
Tiro o chapéu e ergo as mãos na reverencia
A buena crença vêm do canto!-minha essência-
Tenho a cisma de em ti me levantar
Pra ser luzeiro a cantar nesta querência
E assim me ergo feito a vastidão dos ventos...
Canto meu tempo -silhueta de arrebol-
Semblante terno,de um avô em frente as casa,
Sou o meu ontem na moldura do ancestral...
Pedro Almeida
Outono de 2011
.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
Fronteira da canção nativa-festival de música gaúcha e suas influências-
O festival será no dia 1 de outubro de 2011 e as inscrições estão abertas.
Sugerimos a visualização do site para esclarecimentos , mas algumas informações devem ser lembradas nesse momento:
Presidente da Comissão Julgadora : Frutuoso Araújo
Demais integrantes do Juri: Joca Martins, Nédio Vani, Noé de Vargas
Direção de Palco: Terson Praxedes
Sonorização com Mesa Digital : Chico Sonorizações
Os músicos , além da ajuda de custo, receberão alimentação sábado de meio dia, sábado de noite, e hospedagem.
Lembramos ainda que não haverá limite para os instrumentistas, podendo tocar em quantas composições forem convidados
Intérpretes poderão cantar uma música solo, e uma segunda em dueto ou grupo vocal
Autores poderão passar 2 composições
Será permitida inscrições em espanhol, com o intuito de agregar o folclore de Uruguai, Paraguai e Argentina.
.
Para maiores informações, abaixo estão os endereços virtuais do festival.
--
Site: http://www.fronteiradacancao.com.br
E-mail: fronteiradacancao@gmail.com
Blog: http://www.fronteiradacancao.blogspot.com
MSN: fronteiradacancao@hotmail.com
Telefone para Contato DDD 49 3444-4168 com Jean Pierre Schneider- Diretor do Grupo Folclórico Parceria
Sugerimos a visualização do site para esclarecimentos , mas algumas informações devem ser lembradas nesse momento:
Presidente da Comissão Julgadora : Frutuoso Araújo
Demais integrantes do Juri: Joca Martins, Nédio Vani, Noé de Vargas
Direção de Palco: Terson Praxedes
Sonorização com Mesa Digital : Chico Sonorizações
Os músicos , além da ajuda de custo, receberão alimentação sábado de meio dia, sábado de noite, e hospedagem.
Lembramos ainda que não haverá limite para os instrumentistas, podendo tocar em quantas composições forem convidados
Intérpretes poderão cantar uma música solo, e uma segunda em dueto ou grupo vocal
Autores poderão passar 2 composições
Será permitida inscrições em espanhol, com o intuito de agregar o folclore de Uruguai, Paraguai e Argentina.
.
Para maiores informações, abaixo estão os endereços virtuais do festival.
--
Site: http://www.fronteiradacancao.com.br
E-mail: fronteiradacancao@gmail.com
Blog: http://www.fronteiradacancao.blogspot.com
MSN: fronteiradacancao@hotmail.com
Telefone para Contato DDD 49 3444-4168 com Jean Pierre Schneider- Diretor do Grupo Folclórico Parceria
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Doma Índia-por:Oscar Scarpati Schwid
(Pintura do artista uruguayo Capurro)
El caballo fue traído de España a América por Pedro de Mendoza, en el año 1.535. Es de origen andaluz berberisco. Inicialmente era de un gran porte, pero se fue adaptando y, por lo tanto, achicando para adaptarse al medio ambiente. Proliferó rápidamente formando inmensas manadas, que se expandieron a lo largo y a lo ancho de la pampa húmeda; luego avanzaron hacia zonas más secas: La pampa, San Luis y Río Negro. Fue en ésta zona donde el caballo adquirió gran rusticidad, característica notoria de nuestro criollo actual.
Y es por el año 1.600 aproximadamente, que el Indio descubre el caballo, y crea su propia manera de domesticarlos y entrenarlos, sin influencia extranjera. Logrando un caballo superior al del conquistador, como se lo reconoce en varios pasajes de la literatura histórica de Argentina. Tal es el caballo del pampa: le enseñaba a galopar boleado, a galopar con la cabeza tapada; a galopar en los médanos, a galopar en los cangrejales, a nadar cruzando lagunas o ríos caudalosos; a saltar zanjas, barrancas o empalizadas; lo hacía echar entre los pajonales ;lo manejaba con las piernas sin utilizar riendas; le enseñaba a quedarse inmóvil durante mucho tiempo(parado o echado);a aguantar la sed o el hambre; a llamarlo con sonidos como silbidos o gritos; lo utilizaba como mangrullo para aguaitar(otear o mirar)el horizonte; a aguantar el calor del fuego; a resistir largas galopadas, atropelladas y violentas rayadas; a Hacer molinetes sobre un cuero; a llevar el indio a la rastra agarrado de la cola.
El método consiste en domar al caballo de acuerdo a su naturaleza, evitando provocarle miedo y dolor, y ganándonos su confianza y lealtad.
Este método nos proporciona, nociones claras de cómo tratar al caballo, y que, cuando y como enseñarle, lo que queremos lograr.
El caballo aprende por persuasión, y esta en nosotros, conocer su naturaleza, comportamiento y psicología, para lograr persuadirlo, y enseñarle, un sin fin de ejercicios, que harán de ese caballo, un animal apto para cualquier disciplina.
En la Doma India, no hace falta ser fuerte, ni tener un físico privilegiado, lo que si se necesita, es conocer el caballo en profundidad, y saber enseñarle, progresivamente, paso a paso, lo que vamos a pedirle en el futuro (por ejemplo, que nos traslade, que salte, que juegue al polo, que se quede quieto, etc.).
Es un método no violento, por que no se castiga al caballo, no se lo palenquea, no se lo tira de la boca, no se lo manea, ni se lo taquea.
El caballo entiende de limites, y es la herramienta que utilizamos, para disciplinarlo, y hacerle entender que es lo que esta permitido, y lo que no esta permitido.
Extraído da página oficial do autor/doma-india.com.ar
quinta-feira, 21 de abril de 2011
NOEL GUARANY(biografia extraída do site oficial do autor)
NOEL GUARANY - Biografia www.probst.pro.br//
Noel Borges do Canto Fabrício da Silva, o Noel Guarany, nasceu no dia 26 de dezembro de 1941, em Bossoroca, então distrito de São Luiz Gonzaga, na região das missões no Rio Grande do Sul e viveu até a adolecência, além de sua terra natal, em Garruchos e São Luiz Gonzaga (Bossoroca emancipou-se em 12/10/1965).
Filho de João Maria Fabrício da Silva e Antoninha Borges do Canto, sua descendência paterna era ligada a José Fabrício da Silva, italiano, que veio de São Paulo e recebeu uma sesmaria de campo na região de Bossoroca, onde se estabeleceu em 1823. Pelo lado materno, descende de Francisco Borges do Canto, irmão de José Borges do Canto, que recebeu várias quadras da sesmaria na região das missões. Francisco nasceu em 1782 e foi estancieiro em São Borja. Os Borges do Canto tiveram grande influência e importância na formação das fronteiras do Rio Grande do Sul, inclusive, José Borges do Canto participou da conquista dos sete povos das missões gaúchas, cuja rendição dos espanhóis ocorreu em 13 de agosto de 1801, capitulação essa endossada por Canto.
Noel, em 1956, com quinze anos de idade, aprendeu tocar sozinho seu primeiro instrumento, um violão com apenas três cordas, depois acordeon. Somente mais tarde passou a usar o violão que se transformaria em seu companheiro inseparável, instrumento com o qual desenvolveu uma técnica própria de tocar.
Em 1960 emigrou para a Argentina, onde trabalhou como tarefeiro de erva-mate, lenhador e balseiro. Esteve em Buenos Aires, depois foi para o Uruguai, Paraguai e Bolívia, lugares onde conviveu com muitos músicos, aperfeiçoou sua arte de tocar violão e aprendeu muito sobre a cultura musical desses países.
Entre 1960 e 1968, peregrinou por todos os países do Prata e por estâncias do Rio Grande do Sul tocando, cantando e aprofundando seu conhecimento sobre a cultura regional. Nessa época gravou um compacto simples, com as músicas "Romance do Pala Velho" e "Filosofia de Gaudério", acompanhado pelo cantor, compositor e músico missioneiro Cenair Maicá, com o qual se apresentava em festivais na Argentina.
Em 1970, Noel e Cenair venceram o VII Festival do Folclore Correntino, em Santo Tomé, na Argentina, com a música Fandango na Fronteira, sendo muito elogiados pelo diretor da Rádio L.R.A. 12, em vista das participações em dois especiais naquela emissora e do grande destaque e sucesso que conquistaram.
Em 1971 Noel gravou seu primeiro LP, "Legendas Missioneiras", que teve como parceiros os gaúchos Jaime Caetano Braum, Glênio Fagundes e Aureliano de Figueiredo Pinto. Nesse ano e no ano seguinte viajou por vários estados fazendo apresentações e divulgando o disco.
Em 1972 casou com Neidi da Silva Machado, missioneira de São Luiz Gonzaga,
e passou a residir em Porto Alegre, para ficar mais próximo dos meios de divulgação.
Em 1973 gravou o segundo LP, "Destino Missioneiro", e continuou viajando, pesquisando e divulgando a música missioneira.
Em 1975 gravou o LP "Sem Fronteira" e participou da gravação dos discos Música Popular do Sul - volumes 2 e 4, produzido por Marcus Pereira Discos, em São Paulo. Nesse ano também criou em Tramandai, na Avenida Beira Mar, a Penha Guarany, um espaço onde se reuniram expressivos nomes do folclore gaúcho.
Em 1976 gravou o LP independente, com Jaime Caetano Braum, "Payador, Pampa e Guitarra", lançado simultaneamente no Brasil e na Argentina, com participação especial de Raul Barboza e Palermo. Nesse ano iniciou um programa na Rádio Guaíba de Porto Alegre e participou do programa Brasil Grande do Sul, com Jaime Caetano Braum e Flávio Alcaraz Gomes, depois passou para a Rádio Gaúcha, onde produziu e apresentou o programa Tradição e Folclore.
Em 1977 foi relançado o LP "Legendas Missioneiras", com o título de "Canto da Fronteira", mais tarde lançado também em CD. Nesse ano Noel realizou um espetáculo na Assembléia Legislativa para divulgar o LP "Payador, Pampa e Guitarra", com participação de Raulito Barboza, Palermo e Argentino Luna.
Em 1978 lançou o LP "Noel Guarany Canta Aureliano de Figueiredo Pinto", que marcou época no Rio Grande do Sul, pois resgatou a obra e memória de um dos maiores poetas do regionalismo gaúcho. Esse disco também foi posteriormente lançado em CD.
Em 1979 gravou o LP "De Pulperia", com músicas de Atahualpa Yupanqui, Anibal Sampayo e Mario Milan Medina, reforçando a intenção de promover a integração com a cultura platina.
Em 1980 gravou o LP "Alma, Garra e Melodia", iniciando a parceria com João Sampaio da Silva, que geraria importantes obras e uma grande amizade. Nes-
sa época começou a se manifestar a doença que iria progressivamente lhe tirar todos os movimentos e condená-lo a um calvário (ataxia cerebral degenerativa), que se arrastou por muitos anos, fazendo com que esquecesse as letras das músicas, o que o deixava mais inquieto e amargo. Percebendo que algo de anormal estava lhe acontecendo, passou a beber com mais freqüência.
Em 1982 lançou o LP "Para o Que Olha Sem Ver", título escolhido em homenagem a Atahualpa Yupanqui, autor da música com o mesmo nome, que foi interpretada pelo Noel no disco. De João Sampaio gravou quatro músicas, consolidando a parceria.
Em 1983 quando morava em Itaqui, escreveu uma carta aberta para a imprensa, expressando o seu descontentamento com o descaso dos órgãos públicos para com a classe dos artistas que gravavam discos. Finalizou a carta dizendo que pararia de cantar até que as autoridades tomassem providências a respeito do assunto.
Em 1984 fixou residência em Santa Maria, local onde morou até o dia de sua morte. Nessa cidade fez contrato com uma produtora para realizar uma série de espetáculos na região centro do Estado. Também foi nesse ano que a gravadora RGE lançou o LP "O Melhor de Noel Guarany" e que foi reeditado o LP "Payador, Pampa e Guitarra".
Em 1985 se retirou dos palcos, atitude coerente com o que afirmara na carta aberta que divulgou para a imprensa em 1983.
Em 1988 gravou com Jorge Guedes e João Máximo, parceiros de São Luiz Gonzaga, o LP "A Volta do Missioneiro". Nesse ano também gravou com Jaime Caetano Braum, Pedro Ortaça e Cenair Maicá o LP "Troncos Missioneiros". Nesse disco já se pode notar que a doença estava afetando o seu registro vocal, pois o vigor e a clareza de outros tempos já não era os mesmos. Nesse ano foi relançado o LP "De Pulperias".
Nos anos seguintes Noel permaneceu recolhido em seu auto exílio, em Santa Maria. A imprensa de todo o Estado, os colegas artistas e os amigos questionavam a ausência do ídolo missioneiro. Sua vida seguia uma via-crucis, com a doença que cada vez mais se acentuava e que aos poucos lhe tirava toda a atividade motora.
No dia 6 de outubro de 1998, com 56 anos de idade, Noel Guarany faleceu na Casa de Saúde de Santa Maria. Seu corpo transladado para o município de Bossoroca, sua terra natal, onde hoje repousa em um mousoléu especialmente construído para abrigar os restos mortais de seu filho mais popular, que morreu autêntico como sempre viveu.
Noel Borges do Canto Fabrício da Silva, o Noel Guarany, nasceu no dia 26 de dezembro de 1941, em Bossoroca, então distrito de São Luiz Gonzaga, na região das missões no Rio Grande do Sul e viveu até a adolecência, além de sua terra natal, em Garruchos e São Luiz Gonzaga (Bossoroca emancipou-se em 12/10/1965).
Filho de João Maria Fabrício da Silva e Antoninha Borges do Canto, sua descendência paterna era ligada a José Fabrício da Silva, italiano, que veio de São Paulo e recebeu uma sesmaria de campo na região de Bossoroca, onde se estabeleceu em 1823. Pelo lado materno, descende de Francisco Borges do Canto, irmão de José Borges do Canto, que recebeu várias quadras da sesmaria na região das missões. Francisco nasceu em 1782 e foi estancieiro em São Borja. Os Borges do Canto tiveram grande influência e importância na formação das fronteiras do Rio Grande do Sul, inclusive, José Borges do Canto participou da conquista dos sete povos das missões gaúchas, cuja rendição dos espanhóis ocorreu em 13 de agosto de 1801, capitulação essa endossada por Canto.
Noel, em 1956, com quinze anos de idade, aprendeu tocar sozinho seu primeiro instrumento, um violão com apenas três cordas, depois acordeon. Somente mais tarde passou a usar o violão que se transformaria em seu companheiro inseparável, instrumento com o qual desenvolveu uma técnica própria de tocar.
Em 1960 emigrou para a Argentina, onde trabalhou como tarefeiro de erva-mate, lenhador e balseiro. Esteve em Buenos Aires, depois foi para o Uruguai, Paraguai e Bolívia, lugares onde conviveu com muitos músicos, aperfeiçoou sua arte de tocar violão e aprendeu muito sobre a cultura musical desses países.
Entre 1960 e 1968, peregrinou por todos os países do Prata e por estâncias do Rio Grande do Sul tocando, cantando e aprofundando seu conhecimento sobre a cultura regional. Nessa época gravou um compacto simples, com as músicas "Romance do Pala Velho" e "Filosofia de Gaudério", acompanhado pelo cantor, compositor e músico missioneiro Cenair Maicá, com o qual se apresentava em festivais na Argentina.
Em 1970, Noel e Cenair venceram o VII Festival do Folclore Correntino, em Santo Tomé, na Argentina, com a música Fandango na Fronteira, sendo muito elogiados pelo diretor da Rádio L.R.A. 12, em vista das participações em dois especiais naquela emissora e do grande destaque e sucesso que conquistaram.
Em 1971 Noel gravou seu primeiro LP, "Legendas Missioneiras", que teve como parceiros os gaúchos Jaime Caetano Braum, Glênio Fagundes e Aureliano de Figueiredo Pinto. Nesse ano e no ano seguinte viajou por vários estados fazendo apresentações e divulgando o disco.
Em 1972 casou com Neidi da Silva Machado, missioneira de São Luiz Gonzaga,
e passou a residir em Porto Alegre, para ficar mais próximo dos meios de divulgação.
Em 1973 gravou o segundo LP, "Destino Missioneiro", e continuou viajando, pesquisando e divulgando a música missioneira.
Em 1975 gravou o LP "Sem Fronteira" e participou da gravação dos discos Música Popular do Sul - volumes 2 e 4, produzido por Marcus Pereira Discos, em São Paulo. Nesse ano também criou em Tramandai, na Avenida Beira Mar, a Penha Guarany, um espaço onde se reuniram expressivos nomes do folclore gaúcho.
Em 1976 gravou o LP independente, com Jaime Caetano Braum, "Payador, Pampa e Guitarra", lançado simultaneamente no Brasil e na Argentina, com participação especial de Raul Barboza e Palermo. Nesse ano iniciou um programa na Rádio Guaíba de Porto Alegre e participou do programa Brasil Grande do Sul, com Jaime Caetano Braum e Flávio Alcaraz Gomes, depois passou para a Rádio Gaúcha, onde produziu e apresentou o programa Tradição e Folclore.
Em 1977 foi relançado o LP "Legendas Missioneiras", com o título de "Canto da Fronteira", mais tarde lançado também em CD. Nesse ano Noel realizou um espetáculo na Assembléia Legislativa para divulgar o LP "Payador, Pampa e Guitarra", com participação de Raulito Barboza, Palermo e Argentino Luna.
Em 1978 lançou o LP "Noel Guarany Canta Aureliano de Figueiredo Pinto", que marcou época no Rio Grande do Sul, pois resgatou a obra e memória de um dos maiores poetas do regionalismo gaúcho. Esse disco também foi posteriormente lançado em CD.
Em 1979 gravou o LP "De Pulperia", com músicas de Atahualpa Yupanqui, Anibal Sampayo e Mario Milan Medina, reforçando a intenção de promover a integração com a cultura platina.
Em 1980 gravou o LP "Alma, Garra e Melodia", iniciando a parceria com João Sampaio da Silva, que geraria importantes obras e uma grande amizade. Nes-
sa época começou a se manifestar a doença que iria progressivamente lhe tirar todos os movimentos e condená-lo a um calvário (ataxia cerebral degenerativa), que se arrastou por muitos anos, fazendo com que esquecesse as letras das músicas, o que o deixava mais inquieto e amargo. Percebendo que algo de anormal estava lhe acontecendo, passou a beber com mais freqüência.
Em 1982 lançou o LP "Para o Que Olha Sem Ver", título escolhido em homenagem a Atahualpa Yupanqui, autor da música com o mesmo nome, que foi interpretada pelo Noel no disco. De João Sampaio gravou quatro músicas, consolidando a parceria.
Em 1983 quando morava em Itaqui, escreveu uma carta aberta para a imprensa, expressando o seu descontentamento com o descaso dos órgãos públicos para com a classe dos artistas que gravavam discos. Finalizou a carta dizendo que pararia de cantar até que as autoridades tomassem providências a respeito do assunto.
Em 1984 fixou residência em Santa Maria, local onde morou até o dia de sua morte. Nessa cidade fez contrato com uma produtora para realizar uma série de espetáculos na região centro do Estado. Também foi nesse ano que a gravadora RGE lançou o LP "O Melhor de Noel Guarany" e que foi reeditado o LP "Payador, Pampa e Guitarra".
Em 1985 se retirou dos palcos, atitude coerente com o que afirmara na carta aberta que divulgou para a imprensa em 1983.
Em 1988 gravou com Jorge Guedes e João Máximo, parceiros de São Luiz Gonzaga, o LP "A Volta do Missioneiro". Nesse ano também gravou com Jaime Caetano Braum, Pedro Ortaça e Cenair Maicá o LP "Troncos Missioneiros". Nesse disco já se pode notar que a doença estava afetando o seu registro vocal, pois o vigor e a clareza de outros tempos já não era os mesmos. Nesse ano foi relançado o LP "De Pulperias".
Nos anos seguintes Noel permaneceu recolhido em seu auto exílio, em Santa Maria. A imprensa de todo o Estado, os colegas artistas e os amigos questionavam a ausência do ídolo missioneiro. Sua vida seguia uma via-crucis, com a doença que cada vez mais se acentuava e que aos poucos lhe tirava toda a atividade motora.
No dia 6 de outubro de 1998, com 56 anos de idade, Noel Guarany faleceu na Casa de Saúde de Santa Maria. Seu corpo transladado para o município de Bossoroca, sua terra natal, onde hoje repousa em um mousoléu especialmente construído para abrigar os restos mortais de seu filho mais popular, que morreu autêntico como sempre viveu.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
TANTA VIDA EN CUATRO VERSOS...
Afredo Zitarrosa
Una por mí se moría,
yo me muero por usted,
usted se muere por otro;
qué mundo tan al revés."
Coplas con sabiduría,
que en el camino encontré,
tanta vida en cuatro versos,
pa' mis adentros pensé.
En la puerta de mi casa
tres arbolitos planté,
planté una fe, una esperanza
y un "jamás te olvidaré".
Pero también he plantado,
porque te sé precavida,
un corazón al revés
y una flor que dice: olvida.
Coplas como panaderos,
como nubes, como aquel
mirlo que cantaba manso
a orillas del Arapey.
Yo soy tararira vieja,
que busca lo más profundo,
viveza precisa el hombre
para vivir en el mundo.
Pero también necesita,
y la copla no lo dice,
una mujer compañera,
una canción cuando triste.
El valor todo lo puede,
hay que tenerse confianza,
y lo que el valor no pueda*
lo ha de poder la esperanza.
Coplas que son como un poncho
en un camino invernal
y, al perdido en este mundo,
un agua de manantial.
sábado, 16 de abril de 2011
Apparicio Silva rillo
Canto aos Avós
Autoria: Apparicio Silva Rillo
Os avós eram de carne e osso.
Tomavam mate, comiam carne com farinha,
campereavam.
Sopravam a chama dos lampiões, dormiam cedo.
Os avós tinham braços e pernas e cabeça
(olhai os seus retratos nas molduras).
Laçavam de todo o laço, amanuseavam potros,
fumavam grossos palheiros de bom fumo
e amavam seus cavalos que rompiam ventos
e bandeavam arroios como um barco ágil.
Usavam lenços sob a barba espessa
e o barbicacho lhes prendia ao queixo
sombreiros negros para a chuva e sóis.
Palas de seda para as soalheiras,
ponchos de lá quando a invernia vinha.
Tinham impérios de flechilha e trevo
e famílias de bois no seu império.
E eram marcas de fogo os seus brasões.
Charlavam de potreadas e mulheres,
de episódios de adaga contra adaga,
do tempo, das doenças, das mercâncias
de gado gordo para os saladeiros.
Tinham homens a seu mando, os avós.
No quartel rude dos galpões campeiros
- enseivados de mate e carne gorda -
os empíricos soldados madrugavam
na luz das labaredas de espinilho
que era sempre o primeiro sol de cada dia.
Honravam os avós a cor dos lenços:
- a seda branca dos republicanos,
o colorado dos federalistas.
E morriam por eles, se preciso,
- coronéis de milícias bombachudas
acordando tambores nos varzedos
no bate casco das cavalarias.
Nas largas camas de cambraias alvas
vestindo o corpo da mulher mocita,
juntavam carnes no silêncio escuro
pautado por suspiros que morriam
no contraponto musical dos grilos...
Os avós eram de carne e osso.
Tinham braços e pernas e cabeça,
artérias, nervos, coração e alma.
Humanos como nós, os velhos tauras,
mas de bronze e de ferro nos parecem
esses campeiros que fizeram história.
Estátuas vivas de perenidade
nos pedestais do tempo e da memória.
Origem: Livro "Pago vago", autoria de Apparicio Silva Rillo. Martins Livreiro Editor. 1981.
Publicado por Roberto Cohen em 29/05/2001, gentileza de Carlos Bolli Motta.
Editado por Roberto Cohen em 05/01/2004.
Página do Gaúcho
AQUI
Eron Vaz Mattos
O progresso e o tempo novo mataram os rebanhos,
As comparsas de esquila a martelo...
O brete, o rodeio e as marcações porteira a fora.
O rádio emudeceu as vitrolas
E o caminhão matou o tropeiro.
E o homem? E a mulher?
Ah! Estes ainda não...
Os homens e mulheres deste pago
Estão como cernes de guajuvira,
Eretos e firmes, como sempre.
Nas suas almas está guardada
A melhor fibra da raça crioula,
Mantendo, como patrimônio maior,
A honra, a dignidade, o apego ao chão,
Ao trabalho e a honestidade.
A gente do meu rincão
Sabe arrancar deste solo
O seu sustento suado.
Crescemos tranqueando atrás do arado
E conversando com os bois,
Por isso temos o braço forte, as mãos, a alma
E o coração calejados pelo trabalho pacífico;
Conduta que adquirimos pelos ensinamentos
Dos nossos anteriores que balizaram rumos para nós
E montaram o cavalo para defender
E tornar brasileiro o chão onde pisamos
E que guarda as suas cinzas.
Aqui, as nostalgias da campanha
encontram amparo nas cruzes sozinhas
quando debruçam as sombras de braços abertos,
sobre a teimosia dos pajonais...
por essas imagens é que as saudades
ganham estatura de cerros.
Aqui, repartimos a dor em silêncio
porque a alma, quando está ferida,
substitui as palavras pelo idioma do coração
Aqui, a sombra dos cinamomos
É muito mais que uma sombra...
É o lugar onde comungam os mansos e xucros,
Remoendo, tranquilos, nos sóis dos verões,
A seiva natural dos campos onde as espécies se igualam,
celebrando a vida, ao redor das casas.
Apenas aqui o andante descobre
o valor de um “ô de casa”, quando sovado de corredores
bate palmas de esperança na frente do parapeito
e as portas se abrem para ouvir
os seus relatos colhidos nas estradas.
Aqui, a cordeona tem voz de recuerdo;
A guitarra tem alma de pátria e querência.
Os galos acordam as madrugadas
E o cheiro dos campos vem dormir dentro de casa.
Aqui, se conhece a volta certa dos cambões das porteiras
E se entende de laços, arames e tranças,
De potros e domas, conjuntas e jugos,
Arados e enxadas, mariposas e galeotas,
Machados e tiradeiras...
Aqui, as mangueiras encerram os tombos dos pealos
e os comandos de “forma cavalo”,
Os berros das vacas mansas timbram a alma do pago,
Com refrões enluarados de madrugada.
Apenas aqui ainda se ouve,
Nas tardes quentes de chuva,
O tuco-tuco justificando o seu nome
E as calhandras ainda encontram
Varais com charque para temperar o assovio.
Nas noites quentes ainda se escuta
A saparia afiando o canto nas chairas dos juncais.
As esporas ainda riscam o chão dos galpões
E as botas têm o couro queimado pelo suor dos cavalos.
As chaminés dos fogões a lenha
ainda fumegam pelas madrugadas
e, ainda, se pode ouvir as cantigas
das sangas claras, os berros de touro
e a cantoria dos grilos...
As babas-de-boi tremulam nos caraguatás,
hasteando em mastros de espinhos
Os rumos dos ventos
Aqui, ainda se pode ver bombachas remendadas
E camisas feitas de saco estendidas num quarador
próximo à tábua de bater roupas,
nos empedrados das sangas
As mulheres ainda usam sombrinhas,
Lenços na cabeça, para a lida
E ainda bordam panos, aventais, guardanapos...
E ainda fazem pão com torresmo.
Aqui, a sabedoria secular ensinou
que fazendo uma cruz com carvão
sobre os ovos de galinhas para chocar
os trovões não conseguem gorar
e a natureza se encarrega de “descascar” as ninhadas
e espalhar infâncias de veludo nos terreiros bem varridos.
Aqui ainda se usa o macete
e a mordaça para sovar um couro...
e se toma café com bolo frito
nas tardes chuvosas de inverno.
A cicatriz dos rodados que nasciam nas cacimbas,
hoje serve de caminho para a sobra dos aguaceiros
engordar as enchentes.
As vezes, o céu pinga pelas goteiras dos nossos tetos
apaga luas e estrelas...
mas acende, em cada um, a sabedoria e a esperança.
Aqui, a felicidade não tem anéis nos dedos
nem diplomas nas paredes.
Mas se tem olhos na alma capazes de interpretar
as parábolas da natureza...
porque sabemos:
Que o canto matinal dos bem-te-vis
É, na verdade, um diálogo com Deus.
FOTO:Pedro Almeida
sábado, 9 de abril de 2011
Sangue Ancestral-Pedro Almeida
Os dias que se passaram me trouxeram com limpidez a precisão da escrita.Eu cismo como filosofo e busco achar sempre uma resposta pra tudo...Mas o que me fascina mais é quando percebo o quanto imortal é nossa cultura,como a natureza sabe perpetuar com a biologia a verdade do gên,como o ancestral vive no agora...
Quando leio paginas de história me sinto tão perto do fato como se dele fize-se parte,me entrego a nostalgia e entendo das visões singulares que a alma me entrega.São passagens enraizadas no ser,no gên e que passados os séculos se fazem presente em cada pensamento ou cisma.
E o que me faz hoje compreender que a raiz natural e imortal vive e ao longo do que passa registra cada acontecido em uma nítida memória austral.Por isso somos o ontem pois a indelével verdade ancestral inda é e sempre será o que foi.A certeza de que eu e muitos outros seguirão neste rumo é esta,a de que sempre falara e cantara mais alto o sangue ancestral.
Pedro Almeida 09/04/2011
terça-feira, 5 de abril de 2011
quinta-feira, 31 de março de 2011
Uma Noite de Agosto(Eron Vaz Mattos)
Que noite braba lá fora ...
Releio versos antigos,
delatores de outros tempos,
nos quais a alma bordava
- em tecidos de ilusões -
sonhos em lindos matizes
que pareciam tão fáceis
de pateá-los de à cavalo.
Pico um naco devagar
e o sentimento de xucro
me faz crescer a garganta!
Restevas de mocidade
nas dobras do pensamento!
O meu cavalo arrepiado
- sob este teto de zinco
que deixa escapar goteiras -
as orelhas de ouvir longes
e uma pata descansada,
balança a linda figura
na sombra que a lamparina
- movida ao sopro das frestas -
esparrama no galpão.
Alguns jujos pendurados
perto à cambona furada
onde a corruíra fez ninho!
O cusco procura a volta
por um lado, para outro
- dá uma puchada na terra -
de um buraquito redondo
- que ele abriu perto do fogo -
e se enrodilha de novo,
como quem vira os pelegos
e pega a volta do poncho
se acomodando no catre.
O vento insiste, forceja ...
- um trago forte, outro mate -
e uma pitada mais lenta!
Este meu poncho judiado
- um companheiro de sempre -
e o par-de-botas molhado
- sola queimada do estribo
e dos aros das esporas –
fazem parte do cenário
que o mundo bruto, lá fora,
reproduz em preto e branco
na tela humilde e soturna
estirada em quatro esteios
de cerne de coronilha.
Junto ao tição de espenilho
a cambona ensaia um canto
como pedindo silêncio!
Na velha trempe de arame
- meio cilhona do fogo -
o sangrador vai tostando
- como um remendo de morte
na prova da estupidez –
goteando lentos protestos
como se a dor respingasse
- em lágrimas, pela vida –
abrindo fumos de luto
no frágil painel de cinzas
entre o rubor dos tições!
Quedou-se muda a guitarra
ao recostar nos arreios
sua alma de vidala;
Pois nos momentos de prece
somente a quietude fala!
Pai nosso que estais no céu
precisai vir aos galpões !
Nestes silêncios que tenho
fico granando esperanças
embonecadas há tempo
nas hastes do coração;
Pois quem vive de à cavalo
e tem apenas domingos,
precisa enganar tristezas
multiplicando as pisadas
das quatro patas do pingo.
Quem pouco entende
este mundo,
cria basteiras em si;
e procura arrinconar
- nas emoções contrariadas –
amenidades vividas
- para iludir a razão –
como quem usa um pelego,
que foi sovado a capricho,
pra moldar bem os arreios
quando se aperta o cinchão.
A chuva timbra o agosto
com ganas de arrasar mundo,
e os cinamomos corpeam
como quem tenta escapar
de punhaladas que o vento
- com planchaços de friagem
lhes acaba de acertar!
A casuarina repete
o que aprendeu com os ventos
em consertos milenares;
Qual um músico no escuro
- com dedos encarangados -
sóbrio, nostálgico e só,
tocando em flauta dolente
a melodia que o tempo
escreveu na partitura
alongando a nota dó!
Pai nosso que estais no céu,
fazei voltar as estrelas
e as luas brandas, inteiras
-Refletidas nos serenos –
entre os mágicos aromas
que a primavera semeia
nos pastiçais destes campos.
Trazei de volta a alegria
dos cardeais abrindo o canto
entre galhos florecidos…
e a ingenuidade festiva
dos cordeiros retoçando
sobre os trevais das ladeiras…
Que noite braba lá fora…
componho o mate e prossigo
mirando a vida, de em pêlo,
-tranquear em rumo confuso-
no lombo duro do tempo!
domingo, 27 de março de 2011
sábado, 26 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
sexta-feira, 11 de março de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
10°Acampamento da Canção _Vencedores
Muita emoção na entrega da premiação do 10.º Acampamento da Canção Nativa de Campo Bom, na madrugada desse domingo. Autor da letra da música Descendente, Lisandro Amaral recebeu o troféu de 1.º lugar acompanhado pelos dois filhos: João Antônio, de apenas 8 meses (para quem fez a letra, quando nasceu), e Maria Rita, 4 anos. O momento bem representativo emocionou o público. "Cantando nossos ancestrais, divulgamos da melhor maneira nossos descendentes", disse o Lisandro, aplaudidíssimo pelo público que superlotou a estrutura montada para o festival, em sua noite de encerramento no Parque do Trabalhador.
Tanto organizadores quanto músicos comemoraram o sucesso desse retorno do Acampamento da Canção e do Bivaque. Ainda nesse domingo volto aqui para contar mais sobre muitos pontos emocionantes do festival - e também para trazer várias fotos da noite final! Parabéns aos organizadores. Foi uma grande festa da música gaúcha!
*VENCEDORES DO 10.º ACAMPAMENTO DA CANÇÃO:
1.º Lugar: Descendente, com letra de Lisandro Amaral e música Cristian Camargo, na interpretação de Lisandro Amaral
2.º Lugar: Milonga de Campo a Laurindo Pedra, com letra de Fabio Maciel e Gujo Teixeira e música de Vitor Amorim, na interpretação de Marcelo Oliveira e Índio Ribeiro
3.º Lugar: O Espelho no Escuro, com letra de Carlos Omar Villela Gomes e Paulo Ridhi, e música de João Bosco Ayala Rodriguez e Nilton Júnior, na interpretação de Robledo Martins
Melhor Intérprete: Shana Müller em Un Llanto de Cunumi, com letra de Zé Renato Dauth, Diego Muller e Martim Cesar, e música de Juliano Moreno
Melhor Instrumentista: Eduardo Lopes, em Um Romance Chamamecero, de Wilson Vargas e Eduardo Lopes
Melhor Arranjo: Descendente
Melhor Tema sobre o Vale do Sinos e Música Mais Popular: Campo Bom é Um Paraíso, com letra de Roberto Ornes e música de Alexandre Oliveira, que também foi o intérprete
Melhor Indumentária: Quarteto Coração de Potro
*Crédito foto: Tânia Goulart texto:Tânia Goulart-abcdogaucho/jornalnh
sábado, 5 de março de 2011
Luíz Menezes
Ultimo Pouso
Luís Menezes
gentileza de Ivan Ramires
A morte a china ma leva
Traçoeira que até dá pena
Vive a pealar gente buena
Sem se importar com o gaudério
Não sei que estranho mistério
Na minha emoção se espelha
Quando minha alma se ajoelha
Ante a Cruz de um cemitério
Fico por horas bombeando
Fingindo frases ficticias
Que ali ficam com as noticias
Penduradas sobre a losa
Dizendo ó tu boa esposa
Dorme em paz aos pés de Deus
Que dirão então os meus
De mim que sou qualquer coisa
Basta morrer pra ser bueno
Basta sofrer pra ser junto
Quem nasce ou morre de susto
Nem frases fingidas tem
E dizer que no além
As almas são tão iguais
Pra que estes luxos demais
Depois que somos ninguém
Mais feliz é a cruz solita
longe no ermo da estrada
Sem fita sem flor sem nada
Marcando o fim de uma vida
Fica dormindo aquecida
No sol que logo a desbota
Sem frase fria ou lorota
Nesta sesteada comprida
Gosto da cruz do proscrito
Na solidão da campanha
Tendo a garrafa de canha
Por promessa recebida
Me dêem esta cruz perdida
Pra que o gaúcho passando
Viva sempre me acenando
Numa eterna despedida
Tomara que Santo Onofre
Seja no céu meu parceiro
Garanto que o dia inteiro
Vamos beber canha e vinho
E assim farei meu cantinho
Na invernada do Senhor
Serei mais um pecador
Tendo um santo por padrinho
Sei que vão falar de mim
Por mulherengo ou andejo
Mas fica aqui meu desejo
Expresso nesta oração
Não falem de um coração
Que no céu não terá luz
E amarrem bem minha cruz
Com as cordas do meu violão.
Luís Menezes
gentileza de Ivan Ramires
A morte a china ma leva
Traçoeira que até dá pena
Vive a pealar gente buena
Sem se importar com o gaudério
Não sei que estranho mistério
Na minha emoção se espelha
Quando minha alma se ajoelha
Ante a Cruz de um cemitério
Fico por horas bombeando
Fingindo frases ficticias
Que ali ficam com as noticias
Penduradas sobre a losa
Dizendo ó tu boa esposa
Dorme em paz aos pés de Deus
Que dirão então os meus
De mim que sou qualquer coisa
Basta morrer pra ser bueno
Basta sofrer pra ser junto
Quem nasce ou morre de susto
Nem frases fingidas tem
E dizer que no além
As almas são tão iguais
Pra que estes luxos demais
Depois que somos ninguém
Mais feliz é a cruz solita
longe no ermo da estrada
Sem fita sem flor sem nada
Marcando o fim de uma vida
Fica dormindo aquecida
No sol que logo a desbota
Sem frase fria ou lorota
Nesta sesteada comprida
Gosto da cruz do proscrito
Na solidão da campanha
Tendo a garrafa de canha
Por promessa recebida
Me dêem esta cruz perdida
Pra que o gaúcho passando
Viva sempre me acenando
Numa eterna despedida
Tomara que Santo Onofre
Seja no céu meu parceiro
Garanto que o dia inteiro
Vamos beber canha e vinho
E assim farei meu cantinho
Na invernada do Senhor
Serei mais um pecador
Tendo um santo por padrinho
Sei que vão falar de mim
Por mulherengo ou andejo
Mas fica aqui meu desejo
Expresso nesta oração
Não falem de um coração
Que no céu não terá luz
E amarrem bem minha cruz
Com as cordas do meu violão.
Luiz Coronel
Gaudêncio Sete Luas tem um Canto de Saudades
Autoria: Luiz Coronel
Atirei minha saudade
lá no fundo do riacho.
As águas foram gemendo
chorando ladeira abaixo.
Atirei minha saudade
lá no fogo da fogueira.
Quando o fogo virou cinza
a saudade estava inteira.
Pra bem fugir da saudade
eu montei na ventania.
Corri mundo e a saudade
na garupa me seguia.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Gaúchada faz tempo não atualizo ,então aqui vai um poema do celebre Aparicio Silva Rillo(Mãe velha)
Mãe Velha
Autoria: Apparicio Silva Rillo
Cabelo era preto.
Que liso era o rosto!
Teu corpo era flor.
Cabelo era preto.
mas hoje, Mãe Velha,
cabelo branquinho,
geada e agosto
que não levantou.
Que liso era o rosto!
Agora, Mãe Velha,
rosto enrugadinho
parece co'as frutas
que o tempo secou.
Teu corpo era flor.
Mas hoje, Mãe Velha,
da flor, que ficou?
Só haste pendida
que a vida deixou.
A cor do cabelo
passou pro vestido.
O arado do pranto
no liso do corpo
que fundou que arou!
A haste pendida
curavada pra terra,
e a terra reclama
o que falta da flor.
- Papai foi pra guerra!
dizia o piá.
Mãe Velha era moça
no tempo que foi.
Mas veio a notícia:
- Teu homem morreu,
de lenço encarnado
e de lança na mão.
E os homens passavam
nos magros cavalos,
com barbas de mato,
com palas rasgados,
com pena da moça,
com raiva da guerra,
que mata um gaúcho
pra erguer um herói.
Mãe Velha - era moça -
chorou muito choro
no seu avental!
Abriu o oratório
da sala do rancho,
rezou padre-nosso
por alma do homem
que a guerra levara
de lenço encarnado
e de lança na mão.
E a Virgem Maria,
seu Filho nos braços,
olhava mãe moça
Mãe Velha ficar.
E a vida espiava
Mãe Velha viver:
- madrugada na mangueira,
leite branco na caneca,
chaleira chia na chapa,
costume faz chimarrão.
Gamela, farinha branca,
forno aceso, sova pão,
charque magro na panela,
canjica, soca pilão,
manjericão na janela,
vassoura roda no chão...
E a vida cobrava
tostão por tostão.
Mãe Velha, mais velha,
pagava pro tempo
a usura do dia.
Um sol que sumia
era mais um dobrão.
Piá se fez homem.
Mãe Velha com medo da revolução
Um dia, por fim,
piá foi s'embora
seguindo um clarim.
Mesminho que o pai:
de lenço encarnado
e de lança na mão.
Guria cresceu.
Sobrou no vestido
da chita floreada
que a mãe lhe cozeu.
Depois... se perdeu.
Mãe Velha chorando
o que a vida lhe fez,
no velho oratório
já reza por três.
A noite tem fala
na boca da noite,
a vida é mudinha,
nem boca não tem.
Por isso que a vida
ninguém não entende,
Mãe Velha, ninguém.
A vida, Mãe Velha,
que é mãe e mulher.
Autoria: Apparicio Silva Rillo
Cabelo era preto.
Que liso era o rosto!
Teu corpo era flor.
Cabelo era preto.
mas hoje, Mãe Velha,
cabelo branquinho,
geada e agosto
que não levantou.
Que liso era o rosto!
Agora, Mãe Velha,
rosto enrugadinho
parece co'as frutas
que o tempo secou.
Teu corpo era flor.
Mas hoje, Mãe Velha,
da flor, que ficou?
Só haste pendida
que a vida deixou.
A cor do cabelo
passou pro vestido.
O arado do pranto
no liso do corpo
que fundou que arou!
A haste pendida
curavada pra terra,
e a terra reclama
o que falta da flor.
- Papai foi pra guerra!
dizia o piá.
Mãe Velha era moça
no tempo que foi.
Mas veio a notícia:
- Teu homem morreu,
de lenço encarnado
e de lança na mão.
E os homens passavam
nos magros cavalos,
com barbas de mato,
com palas rasgados,
com pena da moça,
com raiva da guerra,
que mata um gaúcho
pra erguer um herói.
Mãe Velha - era moça -
chorou muito choro
no seu avental!
Abriu o oratório
da sala do rancho,
rezou padre-nosso
por alma do homem
que a guerra levara
de lenço encarnado
e de lança na mão.
E a Virgem Maria,
seu Filho nos braços,
olhava mãe moça
Mãe Velha ficar.
E a vida espiava
Mãe Velha viver:
- madrugada na mangueira,
leite branco na caneca,
chaleira chia na chapa,
costume faz chimarrão.
Gamela, farinha branca,
forno aceso, sova pão,
charque magro na panela,
canjica, soca pilão,
manjericão na janela,
vassoura roda no chão...
E a vida cobrava
tostão por tostão.
Mãe Velha, mais velha,
pagava pro tempo
a usura do dia.
Um sol que sumia
era mais um dobrão.
Piá se fez homem.
Mãe Velha com medo da revolução
Um dia, por fim,
piá foi s'embora
seguindo um clarim.
Mesminho que o pai:
de lenço encarnado
e de lança na mão.
Guria cresceu.
Sobrou no vestido
da chita floreada
que a mãe lhe cozeu.
Depois... se perdeu.
Mãe Velha chorando
o que a vida lhe fez,
no velho oratório
já reza por três.
A noite tem fala
na boca da noite,
a vida é mudinha,
nem boca não tem.
Por isso que a vida
ninguém não entende,
Mãe Velha, ninguém.
A vida, Mãe Velha,
que é mãe e mulher.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
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