sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Doma Gaúcha



A doma gaúcha é uma prática campeira, tradicional e empírica. No entanto é condenada, direta ou indiretamente, por outros métodos, que se baseiam em teorias e que, por isso, são facilmente aceitas, resultando, por conseguinte, na formação da opinião pública. Entender nossa doma sob a luz das ciências para podermos seguir usando-a como uma seqüência de causa e efeito tem sido ultimamente nosso objetivo. Há algum tempo temos trilhado esse caminho até chegarmos e poder usá-la como ciência e como arte. Nosso pensamento foi estimulado por um filósofo, ou melhor, Papadakis, que disse em sua obra “La ecologia de los Cultivos”. “-Quando as teorias condenam as práticas, são elas, as teorias, que devem ser revisadas, porque as práticas são sinônimos de realidade”. Não necessitamos nos aprofundar. Bastaram algumas noções gerais das ciências ligadas à Biologia para compreender e entender o que buscávamos. O comportamento animal, que sempre foi tido como instintivo, modernamente, está mais do que provado, que se encontra materializado no germoplasma. São inúmeros os exemplos citados, como o caso de uma vespa de determinada espécie, que constrói um casulo de barro, faz uma reserva de alimentos colocando pequenos insetos mortos, põe ovos, tapa o casulo e... morre. Esse processo vem ocorrendo há milhões de anos. Nunca uma geração chegou a conhecer a anterior, porque morre antes dos filhos nascerem. E os novos insetos sempre fazem a mesma coisa, porque este comportamento é genético. A genética tem um único objetivo: a perpetuação e a multiplicação da espécie. Determina, inclusive, que cada um dos seus representantes trasforme tudo que for alimento disponível em corpos da própria espécie. Por exemplo: os chineses, malaios e outros povos da região asiática, comem gafanhotos, aranhas, escorpiões, larvas de formigas, etc., para trasformá-los em corpos humanos. Durante nossa doma, podemos ver como o animal se transforma lentamente, visando sempre a cumprir o que está escrito em sua carga genética. A nossa doma é simples e direta, pois somente usa o que a equitação gaúcha vai continuar usando: um palanque, bucais, cabrestos e maneias de vários tipos, etc. Tudo feito de couro cru e bem sovado; só trocando, no meio do processo, o bocal de couro pelo freio de ferro. Segue uma seqüência lógica, onde cada um dos processos usados é um condicionamento para a aprendizagem dos processos seguintes. No simples ato de atar um bagual num palanque, podemos observar o que acontece. A tentativa de fuga é genética, porque vem ao longo do período de vida selvagem. O animal “senta” para fugir e, de repente, dá um pulo para frente e fica próximo ao palanque. Depois de mais algumas tentativas, ele descobre que esta é a melhor atitude, porque satisfaz a lei da “economia de energia” e da “integridade física”, o que prolonga a vida com vistas ao principal objetivo da espécie, que é a reprodução. Respeitar a liberdade do animal tem de opor resistência, inicialmente, é evitar que ele “sente” mais tarde. Esta primeira experiência é um reflexo incondicionado. As outras que virão serão condicionadas a esta, favorecendo as seguintes descobertas. Para ensinar o animal a cabrestear, deixa-se o mesmo tentar fugir e, quando estiver em posição favorável - atravessado, dá-se uns tirões para os lados. Quando o animal descobre que, ao ficar de frente e se aproximar do domador, evita novos puxões, descobre que cabestrar é a melhor solução dentro de sua própria genética. Respeitou-se a liberdade e induziu-se à descoberta por parte do animal. Todo o resto da doma gaúcha segue o mesmo mecanismo. A escolha do que é melhor para si, e para a própria espécie, fica a cargo do próprio animal, pois a liberdade instintiva é respeitada. A doma de baixo com o uso de maneias, maneadores, maneias redondas ou maneias de trava, visa à segurança do próprio domador e serve para que o animal reconheça a resistência das cordas usadas. A doma de rédea e a enfrenação seguem o mesmo caminho já trilhado pelo animal nas experiências anteriores (reflexos condicionados no processo do mecanismo da aprendizagem). Nos primeiros galopes da doma de rédea, o domador dá uns tirões no queixo do animal com uma técnica especial que vem da experiência acumulada por seus ancestrais e que dá os melhores resultados. De onde vieram estes conhecimentos práticos só a história poderia descobrir, talvez desde a época da domesticação. O animal esbarra quando descobre que isso é melhor para sua integridade física e com o menor consumo de energia, etc. Tudo de acordo com o script de sua genética. Diante da simplicidade dos instrumentos usados em nossa doma, a quantidade de freios e bridões de todo o tipo apresentados por outras escolas que se auto-intitulam de “racionais”, para nós, gaúchos, mais parece uma parnafenália de ferramentas de tortura: a boca do cavalo quando puxado pelas rédeas; bridões cujo bocal é um pedaço de corrente de motocicleta. Todos estes recursos, usados, para outras finalidades e por profissionais competentes, devem ter suas explicações. Daí para diante, na doma de rédea, o domador poupa a boca do cavalo e passa a governar praticamente com as rédeas frouxas, através de senhas, usando mais o balanço do corpo, o relho e as esporas. Para facilitar, antes do primeiro galope, auxiliado pelo amadrinhador, com as rédeas já prendidas no bocal, o domador dá uns tirões com o animal deitado e maneado, de modo que a coluna vertebral fique arqueada, o que diminui a força de reação do pescoço. Pode parecer chocante, para quem tem pouca vivencia com os costumes e, olhando de fora, parece-lhe uma brutal covardia. Porém os domadores sempre usaram este método, porque sabem dos seus resultados, que são bons para ambos, homem e animal. Um exemplo que prova a eficiência e a rapidez deste método de doma de rédea é o seguinte: há poucas décadas, antes dos rodeios de tiros de laço dos CTGs, as diversões de fim de semana eram as carreiras de cancha reta. Uma das tradições que desapareceu foram as pencas de baguais de rédea, de vinte e um dias de pega. Reuniam-se algumas fazendas da vizinhança e passavam o domingo de churrasco e carreiradas. Correr duzentos ou trezentos metros para um bagual que tinha ficado bem sujeito não prejudicava em nada o processo da doma, e, principalmente, sem o risco de o animal disparar, porque já tinha sido dominado no devido tempo nos primeiros galopes, e a campo afora. Após a segunda sova de rédea, sempre foi de praxe soltar o animal, durante alguns dias, para descansar e refazer-se. Esta prática tem como objetivo aumentar o prazer e a vontade de mascar o freio, que seria a etapa seguinte. A nossa doma nunca usou a ação mecânica de reflexos incondicionados que não seriam aproveitados posteriormente como: rédeas diretas, charretear, borrachas, etc. O bem-estar prolonga e melhora a qualidade da vida, um dos objetivos da própria perpetuação da espécie. É por isso que os freios, na Equitação Gaúcha, são também usados desde a enfrenação. Têm o bocal alto, são leves e de pernas curta, com o mínimo de alavanca e com a barbela grossa, para não machucar. Os freios de origem moura, com barbela de argola, muito usados até a época da Guerra do Paraguai, evoluíram, mas ainda preservam o bocal alto e as pernas relativamente curtas. O processo continua sendo o mesmo das fases anteriores, pois é o próprio animal que vai procurar a melhor posição do pescoço e da cabeça para que o bocal do freio toque mínimo possível no céu da boca. Isto faz com que os domadores nunca se preocupem em querer impor, artificial e mecanicamente a melhor postura do pescoço e da cabeça. Neste nosso trabalho, não visamos a ensinar uma prática que sempre foi constumeira onde existe a cultura gaúcha e é por demais conhecida. Entendê-la para podermos seguir usando-a com racionalidade e, ao mesmo tempo, poder evitar os excessos de brutalidade que as ciências não justificam, continua sendo o nosso objetivo. Além disto, para modifica-la, adaptando-a a alguns novos métodos de criação de eqüinos, acompanhando a evolução dos mesmos. E assim evoluir sem modificar sua essência, para não perder de vista o resultado final e, também não mudar o estilo da “equitação gaúcha”. Hoje, é mais usual amanunciar os potrilhos na época do desmame. Também, laçar um bagual de 4 ou 5 anos criado no fundo das invernadas e palanqueá-lo, não se usa mais. Outro exemplo, se quisermos podemos também optar por dar os primeiros galopes com o animal a cabresto; desde que ele corra a campo afora, para que fique bem domado e de confiança. O processo de enfrenação é longo e é o mais delicado. Só termina vários meses depois de ter continuado no próprio serviço de campo, no qual os campeiros procuram ter a mão leviana e não abusar em serviços brabos ou excessivos. Montar num pingo, bem domado e enfrenado à “moda gaúcha”, bem escaramuçado e arrucinado, sempre foi orgulho de nossa gente: um cavalo faceiro, doce de boca e monarca de atitudes, levando o freio perto do osso do peito. Este foi o cavalo que fez a nossa história: cutucado na espora e balanceado na rédea, repontou à pecuária sul-americana e marcou, a ponta de lança as atuais fronteiras de nossas pátrias. Esse é o resultado final de uma doma que visa a ter um cavalo ideal para o serviço de campo e que também serviu para as guerras, - “cavalo de peão e de soldado”. Acrescente-se a isto o fato de que a doma gaúcha, pelas suas características, adapta-se perfeitamente a outras práticas esportivas ou de competição, como o Pólo, Hipismo, Carreiras, bem como as provas do Freio de Ouro, desde que o animal entre em um treinamento especifico para cada uma destas finalidades. Para encerrar tudo o que foi dito acima, reproduzimos aqui as palavras do companheiro Cel. Bayard Bretagna Jaques, ao dizer, com convicção de quem conhece, que “a Equitação Gaúcha é única no mundo por que é ecológica!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Novo Tempo.Raíz Igual

Um novo tempo já vem faz tempo se achegando e com ele carregando nossa casa,nosso rosto.Embora eu seja bastante jovem(tenho 18 anos)consigo sentir em plenitude toda a nostalgia de nosso passado,todas as virtudes que costeiam nossa raiz.Mas assim sendo resolvi tomar as rédeas da cultura e asima de tudo lutar por ela.Atrávez do poema,e deste nosso grande invento chamado Internet.Não se pode esquecer que quando se deixa de cuidar de nossa casa ela fica feia e vai aos poucos se desfazendo.Por gostar de campo com o mais profundo amor pela terra(embora eu seja de cidade)e por nossa mãe maior chamada pátria Gaúcha.Lutaremos de mãos firmes e rédeas curtas frente a quem tentar nos mudar.

Noite Grande



(Gujo Teixeira)

Noite grande...!
Dos retratos antigos
pendurados na parede
descem os avós sorridentes,
mesmo desbotados pelo tempo,
e passeiam pela memória da casa.

Passos macios, qual novelos de lã.
Desses que as avós campeiras
dos seus teares e mãos mágicas
faziam bicharás para as invernias.
Lã, por certo, de algum cordeiro de Deus!

Os avôs, também campeiros,
antigos tal a saudade,
passeiam pela memória
de não esquecer nenhum fato.

São fantasmas pela memória da casa,
pelo corredor de janelas grandes,
pelo quarto de noites grandes,
pela sala de portas grandes para o pátio.

Na sala...
uma cadeira de balanço para embalar a saudade
e móveis tão antigos, iguais a ela.

São fantasmas pela memória do galpão
e sopram as brasas do fogo-de-chão
pra que este não morra de cinzas.

E reviram a memória do galpão.
De quando encilhavam cavalos gateados,
mouros e baios e quebravam bem o cacho.
Um lombilho, aperos de prata,
esporas luzindo o clarão da aurora.

Atavam ao pescoço um lenço
e terçavam ferro em alguma revolução
pela honra deste lenço bandeira,
de paz e guerra.

As avós...
na paciência de criar filhos, meus pais,
cuidavam sob o olhar atento
e o carinho das mãos.

Mãos mágicas, que sabiam como ninguém
fazer pães e tachadas de doces.
E cerzir panos e fazer bordados.
Mãos de aceno quando um filho partia,
pássaro que cria asas e voa sozinho.

Noite grande...!
E os avós que saíram dos retratos
passeiam pela memória da casa,
do galpão, de tudo e de todos!

Noite grande...!
E eles voltam p'ras suas molduras,
janelas de onde vêem e são vistos,
de onde lembram e são lembrados,
de onde amam e, com toda a certeza,
também são amados!

Chimarrão da madrugada




Aureliano de Figueiredo Pinto
 
Não sei por que nesta noite
o sono velho sebruno
ergueu a clina e se foi!
E eu que arrelie ou me zangue.
 
Tenho olhos de ave da noite,
ouvidos de quero-quero,
cordas de viola nos nervos
e uma secura no sangue.
 
Então, da marquesa salto
e vou direto ao galpão:
bato tição com tição
e a lavareda clareia
os caibros do galpão alto.
 
Já a cuia bem enxaguada,
corto um cigarro daqueles
de reacender vinte vezes
num trote de quatro léguas
de uma chasqueira troteada.
 
E, quando a chaleira chia,
princípio de um chimarrão,
mais verde e mais topetudo
do que um mate de barão.
 
Me estabeleço num banco
pra gozar gole e fumaça,
pitando um naco de branco.
E entre tragada e golito
saludo mui despacito
cada recuerdo que passa.
 
Um galo - o cochicho-mestre!
o laço desenrodilha.
E fica só com a presilha
e solta a armada bem grande
do laço de um canto largo
de sobre-lombo a uma estrela.
 
E os outros galos-piazitos
vão atirando os laçitos
como em guachas de sinuelo.
E até um garnizé cargoso
vai reboleando orgulhoso
o soveuzito feioso
feito de couro com pelo.
 
Nem relincham os cavalos!
Com brilhos de ponte-suelas,
lá em riba estão as estrelas!
Cá embaixo os cantos dos galos!
 
A estrela d'Alva trabalha
na imensidão da hora morta:
- ou num perfil de medalha
ou a maiúscula inicial
sobre a prata de um punhal
que ainda há de sangrar o dia.
 
E a "nova" ao largo se corta,
magra, esquilada, arredia,
empurrando a guampa torta
contra o ventito do sul,
como num campo de azul
a ovelha chamando a cria.
 
Solito, perto do fogo,
como um bugre imaginando,
escuto o tempo rodando
sem descobrir o seu jogo.
 
O perro baio-coleira
faz que cochila... e abre os olhos,
a espaços, regularmente.
E me fixa os olhos claros
como um amigo, dos raros,
cuidando do amigo doente.
 
É um gosto olhar os brasidos
e os luxos das lavaredas
dançando rendas e sedas
para a ilusão dos sentidos.
E entre o amargo e a tragada
tranqueiam na madrugada
tantos recuerdos perdidos.
 
E o chimarrão macanudo
vai entrando pelo sangue!
Vai melhorando as macetas,
curando as juntas doridas
como água arisca de sanga
sobre loncas ressequidas.
 
O peito avoluma e arqueia
como cogote de potro.
E as ventas se abrem gulosas
por cheiro de madrugada.
- Potrilhos em disparada
num setembro de alvoroto.
 
Ah! sangue velho... Descubro
porque hoje estás de vigília:
- Dois séculos de fronteiras
de madrugadas campeiras;
de velhas guardas guerreiras
bombeando pampa e coxilha!
 
Por isso é que hoje não dormes!
Ouviste a voz de ancestrais:
- "O chimarrão principia!
Alerta! O campo vigia!
Da meia-noite pra o dia
um taura não dorme mais.

Sem Saber Rezar




Autor: Lisandro Amaral

Caminho que a alma traduz
vestido de luz, num motivo
guardado...
caminho que o tempo reluz
do calvário e da cruz no
poema sangrado

eu teimo ao quebrar
meu silêncio
entre o muito que penso
e no algo que leio...
nas preces e aromas de
incenso, onde rezo e repenso
os mistérios que creio!
Além de mim, não há um fim!

Nem deverá...
além da cruz, não houve a luz?
– nem brilhará?
os muitos motivos sangrados,
do cristo pregado, jamais saberei
jamais saberás!

Eu não brilharei, tu não brilharás...
Enquanto a vaidade do mundo
falar mais profundo que a
voz dessa luz,
enquanto os mistérios que
cremos e o algo que lemos
não possa explicar:

Eu não brilharei, tu não brilharás...
Brilha... a beleza de uma
corticeira refletindo o sol;
brilha... o retouço de um
cordeiro frente ao arrebol!
Luz na paisagem, de um final
de tarde, onde paro e penso:
se eu brilharei? Se alguém brilhará?
Ainda chora o homem por não ver a luz de um bom por de sol!
Que o bom Deus te guarde poesia viva...
...que o bom Deus te guarde!

Pingos rebolcados, cantos encantados de sabiás e vidas
vem na recolhida, luz enternecida de um clarim barreiro
que abre o peito e canta, que abre o peito e canta
por ter mais garganta que estes pregadores que assinam pastores
e a gritos e ditos formam falsos ritos na ambição mesquinha
de roubar o pouco de quem já vem louco pela vida amarga
pela vida l a r g a...

meu canto é um grito e tem missão guerreira.
de sentar basteira e levantar trincheiras por onde andejar!
Meu canto é triste porque é triste o homem que ainda vai ter fome sem saber rezar...
meu canto é triste porque é triste o homem!

Encilhei tiflando noutro dia bueno!
Lambia o sereno meu par de choronas,
agarrei cordeona, e já me pus montado
dizendo à campanha que estava de prece
e a luz que enternece meu canto pampeiro
é a mesma contida no cardeal guerreiro
e o pranto, luzeiro, que a manhã derrama
é o mesmo que flama no olhar do Barreiro!

Num culto campeiro sem bronze nem ouro
somente as bombilhas prateadas no couro,
somente as argolas num buçal de touro
que foram compradas com suor dos calos
não foram esmolas ao som dos badalos
me acompanham rindo quando teimo e vivo!

E hoje refletem motivos de luz
aos olhos da cruz de um céu domingueiro.
Pergunto ao dinheiro que o campo não vê,
Pergunto ao pastor que o pobre ainda crê,
Terá no amanhã algo mais que colher
aquele que escuta sermões sem saber?

Que o campo é quem reza no olhar da alvorada
que o grito e os ditos que a missa decora
de nada combinam com o homem que chora
e de nada nos servem de alento e escora!

Encilho matreiro - maneador e poncho -
me escolta a esperança de firmar meu canto
e aqui, brilharei... e assim - brilharás!
Os muitos motivos do Cristo pregado?
Então saberei? Então saberás?
Meu canto é um grito e tem missão guerreira...
de sentar basteiras e levantar trincheiras por onde andejar...
meu canto é triste porque é triste o homem
que ainda vai ter fome sem saber rezar...

Aqui estou Sr.Inverno




Autoria: Aureliano de Figueiredo Pinto


Já sei que chegas, Inverno velho!
Já sei que trazes - bárbaro! O frio
e as longas chuvas sobre os beirais.
Começo a olhar-me, como em espelho,
nos meus recuerdos... Olho e sorrio
como sorriram meus ancestrais.

Sei que vens vindo... Não me amedrontas!
Fiz provisões de sábias quietudes
e de silêncios - que prevenido!

Vão-se-me os olhos nas folhas tontas
como simbólicos ataúdes
rolando ao nada do teu olvido.

Aqui me encontras... Nunca deserto
do uivo dos ventos e das matilhas
de angústias vindo sem parcimônias.
Chega ao meu rancho que estou desperto:
- sou veterano de cem vigílias,
sou tapejara de mil insônias.

Aqui estarei... Na erma hora morta,
junto da lâmpada, com que sonho,
não temo estilhas de funda ou arco.
Tuas maretas de porta em porta,
os teus furores de trom medonho
não trazem pânico ao bravo barco.

Na caravela ou sobre a alvadia
terra do pampa - cerros e ondas
meu tino e rumo não mudarão.
No alto da torre que o mar vigia,
ou, sem querência, por longas rondas,
não me estrangulas de solidão.

Tua estratégia de assalto e espera
conheço-a muito, fina e feroz:
de neve matas; matas de mágoa;
derramas nalma um frio de tapera;
nanas ausências a meia voz
e os olhos turvos de rasos d'água.

Comigo, nunca... Se estou blindado!
Resisto assédios, que bem conduzes,
no legendário fortim roqueiro.
Brama as tuas fúrias de alucinado!
- Fico mais calmo que as velhas cruzes
braços abertos para o pampeiro.

Os meus fantasmas bem sei que animas
para, num pranto de vãs memórias,
virem num coro de procissão
trazer-me o embalo de velhas rimas.
- À intimidade dessas histórias
tenho aço e bronze no coração.

Então soluças pelas janelas,
gemes e imprecas pelos oitões,
galopas louco sobre as rajadas,
possesso, ululas entre procelas.
E ébrio, nas noites destes rincões
lampejas brilhos de punhaladas.

Inútil tudo! Vê que estou firme.
Nenhum receio me turba o aspeto,
nenhuma sombra me nubla o olhar.
Contigo sempre conto medir-me
frio, impassível, bravo e correto
como um guerreiro que ia a ultramar.

Reconciliemo-nos, velho Inverno!
Nem és tão rude! Tão frio não sou...
Venha um abraço muito fraterno.
Olha...
Esta lágrima que rolou
não a repares...
É de homenagem
a alguém que aos céus se fez de viagem,
e nunca... nunca! Nunca mais voltou...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Mate A infúsão das três Patrias "Gauchas"


O MATE
Si bien no es una costumbre exclusivamente argentina sino compartida con algunos otros pueblos de América del Sur, ha tenido y aún conserva gran difusión en Argentina.
La zona de cultivo de la yerba mate se halla restringida a Paraguay, sur de Brasil y nordeste de Argentina (donde la provincia de Misiones concentra el 90% del cultivo) , por lo que es considerada planta nacional y regional.
La infusión se prepara en una forma que la distingue del resto de esa clase de bebidas. En un calabacín hueco se pone yerba, a veces un poco de azúcar y con una pava (utensillo de metal con pico vertedor) se vierte agua caliente. Se absorbe con una especie de tubo metálico (bombilla)que en su parte inferior tiene orificios que impiden el paso del polvo de yerba. Es una infusión muy concentrada debido a la escasa cantidad de agua en relación con la de yerba. El agua va reponiéndose, no así la yerba que dura varias infusiones, en especial si es de buena calidad. Cuando el conocedor detecta la necesidad de renovar la yerba, se cambia parcialmente la que venía utilizándose, por yerba fresca.

Trecho do Canto 1-Martin Fierro(obra de José Hernández)


"Aquí me pongo a cantar
al compás de la vigüela,
que el hombre que lo desvela
una pena estraordinaria,
como la ave solitaria
con el cantar se consuela

Pido a los santos del cielo
que ayuden mi pensamiento,
les pido en este momento
que voy a cantar mi historia
me refresquen la memoria
y aclaren mi entendimiento

Vengan santos milagrosos,
vengan todos en mi ayuda,
que la lengua se me añuda
y se me turba la vista;
pido a mi Dios que me asista
en una ocasión tan ruda......."

Os Grandes Mestres


Grandes mestres do passado andam esquecidos!Hoje vemos muitas radios(ou poucas neste seguimento não se ve quase nada)ou programas televisivos que não fazem referencias a nossos grandes mestres do folclore Latino Americano.Foram eles que abriram fronteiras que comessaram a pedir espasso.Mestres como Alfredo Zitarrosa,Don Athaualpa yupanqui grande guitarrero,poeta,compositor assim tambem foi Jorge Cafrune,Noel Guarany,Don Jayme Caetano Braum,Cenair Maica,Aureliano de Figueiredo Pinto,e tantos outros mestres de nosso pago e de alla.Lutadores de uma cultura que se irmâna pelo pampa nossa maior fonte de inspiração e motivo desta cultura ter se espalhado por este mar de campo que parece não ter fim.Os Maestros del folklore no se puedan morir.Temos a obrigação de lembralos.

O Regresso dos Tchês

Surgiram muitas discuções a respeito deste fato por se tratar da volta daqueles que andavam totalmente disvirtuados de nossa cultura.Foram criticados ate mesmo César Oliveira e Rogério melo que apoiaram o regresso destes para a verdadeira cultura terrunha de nosso pago.
Nossa cultura realmente presisa de mais representantes em todas as areas.O caminho de fama,glória e dinheiro não é o objetivo daquele que busca a verdade da essência e quando estes senhores se deram conta que rumavam para o esquecimento dos imediatistas viram em sua frente o sagrado,o verdadeiro algo sem preço,nossa raiz gaucha e folclorica. Nossa cara e nosso jeito.É por isso,que temos que aceitar quem quer um rumo novo e sendo ele a nossa cultura que siguam este caminho pois nele acharam a glória da felicidade.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Tiempo del hombre Atahualpa Yupanqui


La particula cósmica que navega en mi sangre
Es un mundo infinito de fuerzas siderales.
Vino a mí tras un largo camino de milenios
Cuando , tal vez, fui arena para los pies del aire.
Luego fui la madera.Raiz desesperada.
Hundida en el silencio de un desierto sin agua.
Despues fui caracol quien sabe dónde
Y los mares me dieron su primera palabra
Despues la forma humana desplego sobre el mundo
La universal bandera del musculo y la lágrima
Y crecio la blasfemia sobre la vieja tierra
Y el azafran,y el tilo,la copla y la plegaria
Entonces vine a america para nacer en hombre
Y en mi junte la pampa,la selva y la montaña
Si un abuelo llanero galopo hasta mi cuna,
Otro me dijo historias en su flauta de caña.
Yo no estudio las cosas ni pretendo entenderlas
Las reconozco,es cierto ,pues antes vivi en ellas.
Converso con las hojas en medio de los montes
Y me dan sus mensajens las raíces secretas
Y así voy por el mundo,sin edad ni destino
Al amparo de un cosmos que camina conmigo.
Amo la luz,y el rio,y el silencio,y la estrella.
Y florezco en guitarras porque fui la madera.

João Barreiro de Jayme caetano braum


João barreiro...João barreiro...
Velho passaro bizarro
Que dum ranchito de barro,
Amassado com carinho,
Fizeste galpão e ninho
Na maior indiferença
P'ra mim, que sou teu vizinho!

Pois na cabeça de um poste,
Na entrada do parapeito,
Te arranchaste bem a jeito
Erguendo teu rancho forte
Meio de esguelha p'ra o norte
Porque és muito previdente...
Eu até fiquei contente;
Dizem que dás muita sorte
blog destinado a exaltar nosso pago e nossa poesia.Caracterizando a verdadeira cultura de raiz.